Economia

Para FMI, Brasil mostra sinais de superaquecimento

Relatório do fundo é otimista sobre o futuro do país, mas defende maior cuidado fiscal e com o crédito

Sede do FMI: previsão de 4,1% de crescimento para o Brasil em 2011 (Divulgação/IMF)

Sede do FMI: previsão de 4,1% de crescimento para o Brasil em 2011 (Divulgação/IMF)

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Da Redação

Publicado em 3 de agosto de 2011 às 12h11.

São Paulo - As perspectivas para a economia brasileira são positivas, mas há sinais de superaquecimento, avaliou o Fundo Monetário Internacional (FMI), pedindo mais medidas, sobretudo fiscais e no crédito, para lidar com os riscos.

Em relatório anual sobre o país divulgado nesta quarta-feira, o FMI manteve sua previsão de crescimento econômico brasileiro neste ano em 4,1 por cento. O organismo estimou uma inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 6,3 por cento.

"A diretoria executiva congratulou as autoridades pela gestão macroeconômica saudável e o sólido arcabouço de política econômica... Os diretores concordam que, embora a perspectiva continue em geral favorável, existem sinais de superaquecimento", disse o organismo.

"Por conseguinte, destacou-se a importância de continuar a calibrar a combinação de políticas para enfrentar uma série de pressões macroeconômicas de curto prazo." O FMI acrescentou que recebeu bem a retirada gradual das medidas de estímulo fiscal adotadas pelo governo brasileiro durante a crise global de 2008, mas considera "que um aperto fiscal adicional ajudaria a baixar a inflação e administrar o influxo de capitais". Isso reduziria a necessidade de elevar mais os juros.

O organismo também salientou o aquecimento do mercado de crédito. A diretoria destacou "a necessidade de maior atenção aos riscos financeiros devido ao ritmo de expansão do crédito e à continuada dependência de captações externas".

Para o FMI, as medidas já adotadas pelo governo para desacelerar esse setor já tiveram efeito, mas ressaltou que a aplicação delas precisa ser "mais extensa para que ganhem tração".

O Banco Central vem elevando a taxa de juros desde o início deste ano, além de, em dezembro passado, o governo ter tomado medidas para encarecer o crédito à pessoa física, e de elevar o depósito compulsório dos bancos. O esforço visa conter a inflação, que neste ano deve ficar próxima do teto da meta, de 6,5 por cento, e cujas expectativas para 2012 estão acima do centro da meta, que é de 4,5 por cento.

O mercado está em dúvida sobre se o aperto monetário já acabou em julho ou se o BC verá necessidade de mais uma alta da taxa básica de juro Selic em agosto.

O FMI acrescentou que considerou apropriada a política de medidas para administrar o fluxo de capitais, mas advertiu que elas podem ser contornadas. Na semana passada, o governo anunciou mais uma medida para tentar conter a alta do real, taxando operações de derivativos cambiais feitas por investidores brasileiros e estrangeiros no país.

"Os custos envolvidos também precisam ser levados em conta... A esse respeito, a maioria dos diretores recomendou que se continue a aplicar medidas de ajuste da política macroeconômica como parte da resposta ao grande fluxo de entrada de capitais." O FMI destacou ainda a necessidade de implementação de reformas fiscais como a flexibilização do Orçamento, a reforma do regime do ICMS e a reforma da Previdência.

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