Para especialistas, Confins e Galeão podem virar referência
Participação da iniciativa privada nos aeroportos leiloados hoje pode ajudar a melhorar até os aeroportos ainda públicos, dizem professores
João Pedro Caleiro
Publicado em 26 de novembro de 2013 às 08h15.
São Paulo - Foi realizado na manhã desta sexta-feira o leilão dos aeroportos de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, e do Galeão , no Rio de Janeiro. O ágio foi de 66% no caso de Confins e de 293% no caso do Galeão.
Os 19 bilhões de reais oferecidos pelo consórcio da Odebrecht com a Changi surpreenderam Jorge Eduardo Leal de Medeiros, professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo):
“O valor me pareceu um pouco alto: por causa da demanda maior, imaginava que o teto fosse São Paulo (o aeroporto de Guarulhos foi concedido por R$ 16,21 bilhões). Acredito que viram o potencial de transformar o Rio de Janeiro em um hub."
Para Felipe Leroy, professor de Economia do Ibmec, não houve grandes surpresas no valor nem nos vencedores: "O ágio é mais do que natural dada a posição do governo no caso do Galeão, e pouquíssimas empresas tem know how para assumir uma operação desse porte."
"A Odebrecht é um grupo consolidado, com saúde financeira boa para um contrato de longo prazo e experiência na administração de muitos empreendimentos", conclui.
Apesar de a administração ficar sob responsabilidade do governo até a Copa do Mundo, Medeiros acredita que os efeitos do leilão poderão ser sentidos ainda antes: “O concessionário não vai deixar que a infraero, que não tem se mostrado das gestoras mais competentes, faça algo que vá prejudicar a imagem do aeroporto no longo prazo."
Para ambos, o que importa é que os leilões devem iniciar uma nova era na administração destes aeroportos - e podem servir de referência para melhora da gestão até dos aeroportos que ainda são da Infraero, algo ressaltado pelo ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, nesta manhã.
"A grande questão é que não dá mais pra ficar na mão do governo essa administração. Estamos discutindo questões básicas: temos um gargalo enorme que vem se arrastando há muito tempo, e investimentos que já deveriam ter sido feitos. O Galeão não tem nem fraldário!", diz Felipe.
Ele enfatizou também a importância de um marco regulário claro e uma fiscalização rigorosa: "Há uma pressão grande das empresas para flexibilizar as regras, e o caso da telefonia mostra que é preciso muito cuidado para não haver um aumento exagerado das tarifas."
Após o leilão, o presidente da ANAC, Marcelo Pacheco, disse que o teto da tarifa aeroportuária será aquela praticada atualmente pela Infraero, reajustada anualmente pelo IPCA, mas que descontos serão permitidos.
Outra dúvida é se o processo vai continuar com outros aeroportos. “Segundo o ministro Moreira Franco, não, mas eu gostaria de ver mais”, conclui Medeiros.
São Paulo - Foi realizado na manhã desta sexta-feira o leilão dos aeroportos de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, e do Galeão , no Rio de Janeiro. O ágio foi de 66% no caso de Confins e de 293% no caso do Galeão.
Os 19 bilhões de reais oferecidos pelo consórcio da Odebrecht com a Changi surpreenderam Jorge Eduardo Leal de Medeiros, professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo):
“O valor me pareceu um pouco alto: por causa da demanda maior, imaginava que o teto fosse São Paulo (o aeroporto de Guarulhos foi concedido por R$ 16,21 bilhões). Acredito que viram o potencial de transformar o Rio de Janeiro em um hub."
Para Felipe Leroy, professor de Economia do Ibmec, não houve grandes surpresas no valor nem nos vencedores: "O ágio é mais do que natural dada a posição do governo no caso do Galeão, e pouquíssimas empresas tem know how para assumir uma operação desse porte."
"A Odebrecht é um grupo consolidado, com saúde financeira boa para um contrato de longo prazo e experiência na administração de muitos empreendimentos", conclui.
Apesar de a administração ficar sob responsabilidade do governo até a Copa do Mundo, Medeiros acredita que os efeitos do leilão poderão ser sentidos ainda antes: “O concessionário não vai deixar que a infraero, que não tem se mostrado das gestoras mais competentes, faça algo que vá prejudicar a imagem do aeroporto no longo prazo."
Para ambos, o que importa é que os leilões devem iniciar uma nova era na administração destes aeroportos - e podem servir de referência para melhora da gestão até dos aeroportos que ainda são da Infraero, algo ressaltado pelo ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, nesta manhã.
"A grande questão é que não dá mais pra ficar na mão do governo essa administração. Estamos discutindo questões básicas: temos um gargalo enorme que vem se arrastando há muito tempo, e investimentos que já deveriam ter sido feitos. O Galeão não tem nem fraldário!", diz Felipe.
Ele enfatizou também a importância de um marco regulário claro e uma fiscalização rigorosa: "Há uma pressão grande das empresas para flexibilizar as regras, e o caso da telefonia mostra que é preciso muito cuidado para não haver um aumento exagerado das tarifas."
Após o leilão, o presidente da ANAC, Marcelo Pacheco, disse que o teto da tarifa aeroportuária será aquela praticada atualmente pela Infraero, reajustada anualmente pelo IPCA, mas que descontos serão permitidos.
Outra dúvida é se o processo vai continuar com outros aeroportos. “Segundo o ministro Moreira Franco, não, mas eu gostaria de ver mais”, conclui Medeiros.