Países emergentes podem ter papel vital no mundo, diz Dilma
A crise é séria demais para que seja administrada apenas por poucos, disse Dilma
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2011 às 16h20.
Nova York - A presidente Dilma Rousseff disse à Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira que economias emergentes em rápido crescimento podem desempenhar um papel vital para ajudar a conter a crise econômica mundial, no mais recente movimento de países em desenvolvimento para se tornarem equivalentes às tradicionais potências do mundo.
Dilma, a primeira mulher a abrir a Assembleia Geral da ONU, disse que "ainda há tempo" para conter um contágio maior da crise se os países desenvolvidos e emergentes trabalharem juntos, afirmando que as economias em desenvolvimento são "capazes e dispostas" a ajudar a resolver a crise .
"Essa crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países", disse Dilma. "Seus governos e Bancos Centrais continuam com a responsabilidade maior na condução do processo, mas como todos os países sofrem com as consequências da crise, todos têm o direito de participar das soluções."
O Brasil, uma das economias que mais cresce no mundo, faz parte do grupo Brics de potências emergentes, que também inclui Rússia, Índia, China e África do Sul.
No início deste mês, o Brasil se posicionou para liderar um esforço do Brics para apoiar a zona do euro em crise, fazendo compras coordenadas de títulos de governos europeus.
A crescente insatisfação de países emergentes, que reclamam que permanecem relegados a papéis periféricos na comunidade internacional, ficou mais evidente durante a disputa pela nomeação da nova chefia do Fundo Monetário Internacional.
Países em desenvolvimento manifestaram forte descontentamento com a tradição do FMI de ter um europeu à sua frente, embora a nomeação da francesa Christine Lagarde tenha confirmado essa tradição.
Dilma pediu uma maior cooperação entre os países. A presidente exortou as nações a parar o que ela chamou de "guerra cambial" e combater o protecionismo, dizendo que o controle mútuo das políticas fiscal e monetária ajudaria a evitar um círculo vicioso de reações defensivas.
Há anos, o Brasil e outros países em desenvolvimento reclamam da política monetária frouxa dos Estados Unidos, o que resultou em enormes fluxos de dólares para mercados emergentes em rápido crescimento, que oferecem a investidores rendimentos muito mais elevados.
A valorização do real prejudicou as exportações brasileiras e provocou queixas por parte de empresas de que a capacidade de gerar empregos foi prejudicada.
Mas Dilma também criticou o uso de taxas de câmbio fixas que levam à manipulação da moeda --uma crítica velada à China.
"É preciso impôr controles à guerra cambial, com a adoção do regime de câmbio flutuante", disse Dilma. "Trata-se de impedir a manipulação do câmbio, tanto por políticas monetárias excessivamente expansionistas como pelo artifício do câmbio fixo."
Dilma alertou que a incapacidade de coordenar os esforços entre os membros da ONU e outras instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional poderia causar uma "grave ruptura política e social" que engoliria economias ainda mais resistentes.
"Como outros países emergentes, o Brasil tem sido, até agora, menos afetado pela crise mundial, mas sabemos que nossa capacidade de resistência não é ilimitada", disse a presidente, ressaltando a crescente ansiedade entre os países em desenvolvimento em relação à crescente crise da dívida na zona do euro.
Em reunião na terça-feira, o presidente dos EUA, Barack Obama, e Dilma concordaram em aprofundar as discussões sobre a crise da dívida europeia nos próximos dias. Essa discussão será liderada pelo secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, e o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, em Washington, disse o chanceler Antonio Patriota.
Dilma disse que os países desenvolvidos precisam de políticas coordenadas para estimular suas economias enfraquecidas pela crise.
"A solução do problema da dívida deve ser combinada com crescimento econômico. Há sinais evidentes de que várias economias avançadas se encontram no limiar da recessão, o que dificultará, sobremaneira, a resolução dos problemas fiscais."
Junto com a pressão brasileira e de outros importantes países emergentes por um papel maior no FMI, eles têm pressionado por assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU como tentativa de maior influência nos assuntos mundiais.
Dilma disse que a legitimidade do Conselho de Segurança paira sobre a sua reforma. "A cada ano que passa, mais urgente se faz uma solução para a falta de representatividade do Conselho de Segurança, o que corrói sua credibilidade", disse.
Nova York - A presidente Dilma Rousseff disse à Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira que economias emergentes em rápido crescimento podem desempenhar um papel vital para ajudar a conter a crise econômica mundial, no mais recente movimento de países em desenvolvimento para se tornarem equivalentes às tradicionais potências do mundo.
Dilma, a primeira mulher a abrir a Assembleia Geral da ONU, disse que "ainda há tempo" para conter um contágio maior da crise se os países desenvolvidos e emergentes trabalharem juntos, afirmando que as economias em desenvolvimento são "capazes e dispostas" a ajudar a resolver a crise .
"Essa crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países", disse Dilma. "Seus governos e Bancos Centrais continuam com a responsabilidade maior na condução do processo, mas como todos os países sofrem com as consequências da crise, todos têm o direito de participar das soluções."
O Brasil, uma das economias que mais cresce no mundo, faz parte do grupo Brics de potências emergentes, que também inclui Rússia, Índia, China e África do Sul.
No início deste mês, o Brasil se posicionou para liderar um esforço do Brics para apoiar a zona do euro em crise, fazendo compras coordenadas de títulos de governos europeus.
A crescente insatisfação de países emergentes, que reclamam que permanecem relegados a papéis periféricos na comunidade internacional, ficou mais evidente durante a disputa pela nomeação da nova chefia do Fundo Monetário Internacional.
Países em desenvolvimento manifestaram forte descontentamento com a tradição do FMI de ter um europeu à sua frente, embora a nomeação da francesa Christine Lagarde tenha confirmado essa tradição.
Dilma pediu uma maior cooperação entre os países. A presidente exortou as nações a parar o que ela chamou de "guerra cambial" e combater o protecionismo, dizendo que o controle mútuo das políticas fiscal e monetária ajudaria a evitar um círculo vicioso de reações defensivas.
Há anos, o Brasil e outros países em desenvolvimento reclamam da política monetária frouxa dos Estados Unidos, o que resultou em enormes fluxos de dólares para mercados emergentes em rápido crescimento, que oferecem a investidores rendimentos muito mais elevados.
A valorização do real prejudicou as exportações brasileiras e provocou queixas por parte de empresas de que a capacidade de gerar empregos foi prejudicada.
Mas Dilma também criticou o uso de taxas de câmbio fixas que levam à manipulação da moeda --uma crítica velada à China.
"É preciso impôr controles à guerra cambial, com a adoção do regime de câmbio flutuante", disse Dilma. "Trata-se de impedir a manipulação do câmbio, tanto por políticas monetárias excessivamente expansionistas como pelo artifício do câmbio fixo."
Dilma alertou que a incapacidade de coordenar os esforços entre os membros da ONU e outras instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional poderia causar uma "grave ruptura política e social" que engoliria economias ainda mais resistentes.
"Como outros países emergentes, o Brasil tem sido, até agora, menos afetado pela crise mundial, mas sabemos que nossa capacidade de resistência não é ilimitada", disse a presidente, ressaltando a crescente ansiedade entre os países em desenvolvimento em relação à crescente crise da dívida na zona do euro.
Em reunião na terça-feira, o presidente dos EUA, Barack Obama, e Dilma concordaram em aprofundar as discussões sobre a crise da dívida europeia nos próximos dias. Essa discussão será liderada pelo secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, e o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, em Washington, disse o chanceler Antonio Patriota.
Dilma disse que os países desenvolvidos precisam de políticas coordenadas para estimular suas economias enfraquecidas pela crise.
"A solução do problema da dívida deve ser combinada com crescimento econômico. Há sinais evidentes de que várias economias avançadas se encontram no limiar da recessão, o que dificultará, sobremaneira, a resolução dos problemas fiscais."
Junto com a pressão brasileira e de outros importantes países emergentes por um papel maior no FMI, eles têm pressionado por assentos permanentes no Conselho de Segurança da ONU como tentativa de maior influência nos assuntos mundiais.
Dilma disse que a legitimidade do Conselho de Segurança paira sobre a sua reforma. "A cada ano que passa, mais urgente se faz uma solução para a falta de representatividade do Conselho de Segurança, o que corrói sua credibilidade", disse.