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Países emergentes lideram adoção de energia renovável no mundo

Eles adicionaram "uma Austrália" de nova geração de energia renovável em 2015, mostra estudo da Bloomberg New Energy Finance

 (Sean Gallup/Getty Images)

(Sean Gallup/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 15 de dezembro de 2016 às 15h06.

Última atualização em 15 de dezembro de 2016 às 15h19.

São Paulo - Se 2016 não foi lá um ano bom em muitas frentes, para as energias renováveis houve avanços significativos. Os países emergentes tomaram a liderança decisiva na adoção de fontes limpas, acrescentando 18% mais capacidade de geração de energia renovável do que as nações mais ricas.

O dado é do Climatescope, o índice anual de competitividade em energia renovável, lançado nesta quinta-feira (15)  pela Bloomberg New Energy Finance (BNEF). O estudo analisa o setor de energia renovável em 58 mercados emergentes na África, América Latina e Caribe.

Juntos, os emergentes adicionaram 69,8 gigawatts de nova geração de energia eólica, solar, geotérmica, entre outras, em 2015 - o  equivalente à capacidade instalada de energia total na Austrália hoje.

Em comparação, os países mais ricos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)  construíram 59,2 gigawatts no ano passado.

O grupo dos emergentes inclui países como China, Índia, Brasil, Chile, México, Egito e África do Sul, e reflete a atividade das renováveis em 2015, um ano que culminou na assinatura do Acordo Climático de Paris, um marco para o combate às mudanças climáticas.

América Latina e Brasil

A América Latina continua na liderança mundial, com mandatos ambiciosos de energia limpa e leilões agressivos que estimulam a implantação de projetos renováveis na região e pressionam a redução dos preços de energia solar e eólica. Segundo o Climatescope, a região garantiu US$ 21,9 bilhões em energia renovável em 2015.

Pela primeira vez em todas as três edições do estudo, o Brasil não ficou em primeiro lugar entre os países da América Latina e do Caribe no quesito atratividade para renováveis. Este ano, a liderança na região ficou com o Chile, principalmente devido ao investimento recorde, que saltou de US$ 1,3 bilhão em 2014 para US$ 3,2 bilhões em 2015.

A classificação de atratividade no Climatescope leva em conta a política de investimento em energia renovável dos países, suas condições de mercado, a estrutura do setor elétrico, o número e composição de empresas locais que operam no setor e os esforços de redução dos gases de efeito estufa.

Na  nova análise, o Brasil é o segundo maior destino de investimentos em energia renovável entre os países do Climatescope. De 2006 a 2015, o país recebeu US$ 121 bilhões (R$ 251,3 bilhões) para projetos de energia limpa. Somente em 2015, o país recebeu US$ 11 bilhões (R$ 35,9 bilhões) em investimentos em energia limpa e instalou 3GW de novas usinas de energia renovável.

O estudo também destaca que o Brasil tem uma das metas mais ambiciosas de redução de emissões absolutas do mundo. Antes da reunião do clima COP21, o País se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em até 43% abaixo dos níveis de 2005 até 2025, o que se traduzirá em uma redução de 903MtCO2e. Esse valor é três vezes a quantidade emitida em 2012 pelos 13 países da América Central e do Caribe combinados.

Solar

O investimento em energia solar nos países analisados pelo Climatescope aumentou em 43%, chegando a US$ 71,8 bilhões em 2015. Segundo a BNEF, em questão de custos, a energia fotovoltaica (FV) agora pode competir e derrotar projetos de combustíveis fósseis em alguns países.

Associados à queda dos custos, novos modelos de negócios inovadores e uma geração de jovens empresários estão revolucionando a forma como as questões de acesso à energia são abordadas em nações menos desenvolvidas, onde 1,2 bilhão de pessoas ainda vivem sem energia elétrica.

Essa tendência é marcada pelas ascensão do "off-grid" ou "mini-grid", que desafia a suposição de que apenas uma rede elétrica interconectada pode atender às necessidades de um país.

Segundo a BNEF, uma grande quantidade de startups que levam soluções a regiões remotas do globo é financiada por fundos privados, e ao todo conseguiram angariar mais de US$ 450 milhões ao longo de 2015.

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