Economia

Medida inédita turbina investimento em cápsula de café

O governo brasileiro liberou a importação de café arábica em grão do Peru


	Grãos de café: grão do Peru teve importação liberada
 (Fernando Moraes/VEJA SÃO PAULO)

Grãos de café: grão do Peru teve importação liberada (Fernando Moraes/VEJA SÃO PAULO)

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Da Redação

Publicado em 9 de maio de 2015 às 10h08.

São Paulo - Depois de ter aprovado a isenção de tarifa para importação de máquinas de café e cápsulas, no início de abril, o governo brasileiro liberou a importação de café arábica em grão do Peru. A medida, considerada inédita, deve impulsionar as indústrias do setor, sobretudo as que produzem café em cápsulas, que já reivindicavam pela importação do grão verde para compor o blend de seus produtos.

Maior produtor e exportador global de café, o Brasil ainda tem muito espaço para avançar no segmento de café gourmet, que responde por 5% do setor, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). "O mercado de café em cápsulas ainda é menor, atingindo 2% dos lares brasileiros", disse Nathan Herszkowicz, presidente da entidade.

A liberação da importação do grão verde do Peru foi aprovada no fim de abril, com a da Instrução Normativa Nº6, da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A instrução aprovou os requisitos fitossanitários para importação de grãos de café arábica produzidos no Peru. Há expectativa de que o governo libere a importação de grãos da Colômbia, Quênia e Etiópia, segundo fontes ouvidas pelo Estado.

Para Guilherme Braga, presidente do CeCafé, entidade que reúne os exportadores brasileiros, essa medida não deve afetar os produtores nacionais, uma vez que o volume importado (previsto em até 10 mil sacas de 60 quilos/ano) é voltado para produção local e para atender um nicho de mercado.

Investimentos

Nos últimos seis meses, foram anunciados pelo menos dois grandes investimentos na indústria de café para construção de unidades de produção de cápsulas no País. A Nestlé anunciou no fim do ano passado aportes de R$ 200 milhões para construir uma fábrica na cidade de Montes Claros (MG) - sua primeira unidade produtora de cápsulas no País, que será base para exportação para América Latina.

Os produtos serão para as máquinas Dolce Gusto. A unidade deve inaugurar suas operações ainda neste ano, informou a companhia por meio de um comunicado.

Na mesma cidade, a Três Corações, joint venture entre a israelense Strauss e a brasileira São Miguel Holding, vai erguer uma unidade produtora de cápsulas, com um investimento total de R$ 85 milhões. O aporte será feito em duas etapas, afirmou Pedro Lima, presidente da Três Corações. A primeira fase contempla aportes de R$ 45 milhões e a segunda fase, de expansão dessa fábrica, mais R$ 40 milhões.

A unidade, cuja obra terá início no segundo semestre, deverá ser inaugurada em 2016. Hoje, a Três Corações vende no País 4 milhões de cápsulas por ano. A torrefadora comercializa sua própria máquina de café em parceria com a companhia italiana Caffitaly. "Nossa máquina foi desenvolvida para consumo não apenas de café, mas também de outras bebidas, como chá e cappuccino."

Desde o início de abril, a importação de máquinas e cápsulas de café está isenta de tarifa, atendendo a um pedido da indústria. A importação do grão de outras origens vai permitir compor blends diferenciados de café, não só para cápsulas, mas também para o produto torrado e moído. "Há café torrado e moído de outros países nas redes varejistas", disse Herszkowicz. Segundo ele, o País já tem 60 pequenas empresas especializadas na produção de cápsulas de café.

Em agosto do ano passado, a Brastemp lançou, em São Paulo, sua primeira máquina de bebidas. A máquina também tem um formato multiúso, capaz de fazer 0utros tipos de bebida - entre elas, café, suco, chá quente, chá gelado, refrigerante, frapês e energéticos.

Em março, a Wine.com.br, maior e-commerce de vinhos da América Latina, anunciou sua entrada no mercado de café, com a compra da suíça Mocoffee, companhia que comercializa máquinas e cápsulas para café.

"Esse movimento mostra que a indústria de café não está parada e tem potencial para crescer", disse Herszkowicz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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