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Ovo de Páscoa e chocolates encareceram menos que cenoura

Chocolates subiram menos do que outros produtos em meio à inflação generalizada nos alimentos

Ovo de páscoa: ovos subiram até 40% em supermercados de São Paulo em relação ao ano passado, mas cenoura subiu acima de 160% (Leandro Fonseca/Exame)
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Carolina Riveira

Publicado em 13 de abril de 2022 às 15h55.

Última atualização em 14 de abril de 2022 às 11h37.

A Páscoa de 2022 será marcada por uma inflação recorde em quase tudo que está na cesta do brasileiro. Mas com tantos produtos subindo na casa dos dois ou três dígitos, alguns itens temáticos de Páscoa encareceram menos na comparação - ou até ficaram mais baratos.

É o caso da barra de chocolate e bombons, grupo que chegou a cair de preço no Brasil em março (-0,86% ante o mês anterior), na métrica nacional do IPCA, índice do IBGE.

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Só na cidade de São Paulo, o preço do chocolate caiu 1,10% em março e o bombom ficou com preço estável (-0,03%), segundo o IPC, índice calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

No acumulado de 12 meses, o chocolate subiu menos do que a inflação do período (8,83%, contra 10,93% do índice geral no IPC).

No geral, muitas marcas de ovos de páscoa também têm tido altas menos bruscas na comparação com outros alimentos.

Diego Pereira, economista da Associação Paulista de Supermercados (Apas), aponta que os ovos de páscoa estão entre cerca de 12% e até 40% mais caros neste ano em São Paulo.

"Tudo depende da marca, do tipo e do tamanho", explica, apontando que a variação entre estabelecimentos é outro fator, e consumidores podem encontrar preços melhores em alguns lugares.

Uma alta na casa dos 12% em um ovo de páscoa, embora muito significativa, está em linha com a própria inflação geral: o IPCA nacional acumula variação de 11,3% nos últimos 12 meses até março. O IPC em São Paulo tem alta de quase 11% no mesmo período.

Assim, as altas dos chocolates são relevantes, diz o economista Marcelo Pereira, analista técnico do IPC, mas ficam ofuscadas perto de aumentos de outros produtos.

Percentualmente, nem mesmo os aumentos do ovo de páscoa chegam perto da cenoura, vilã de inflação na temporada e que subiu mais de 30% só em março nacionalmente no IPCA -e 166% em 12 meses.

"O chocolate vem subindo como todos os itens de alimentação, no acumulado de 12 meses ainda é uma alta forte. Mas tem uma pressão menor na comparação com outros itens da Páscoa, como pescado, e com outros alimentos no geral", diz.

"No mercado agro, o preço da saca de cacau vem caindo no início do ano, e esse pode ser um dos motivos pelos quais o chocolate não tem uma pressão tão forte nesse primeiro trimestre."

Dentre os especiais de Páscoa, os pescados subiram mais do que os chocolates, na esteira da alta generalizada dos alimentos.

O tradicional bacalhau subiu 2,69% em março no IPC em São Paulo, acima da inflação no período, embora alguns peixes tenham apresentado queda no mês, como sardinha (-2,71%) e merluza (-1,16%).

Bacalhau: peixes ficaram mais caros, na esteira da alta geral dos alimentos (Luis Diaz Devesa/Getty Images)

Preços podem subir em compras de última hora

Os números consolidados de inflação em abril, ainda não divulgados, trarão mais detalhes sobre como tem sido o comportamento dos preços às vésperas da data.

Mas no caso dos produtos temáticos de Páscoa, há ainda um componente de sazonalidade: é provável que, a dias do domingo de Páscoa, alguns itens tenham altas de última hora devido à demanda concentrada, diz Diego Pereira, da Apas.

"Temos visto em outras datas, como no fim do ano, que os consumidores têm deixado a compra para o último momento. Assim, alguns podem encontrar um preço maior, por uma inflação sazonal dos produtos", diz.

A Páscoa é a terceira data mais importante para o varejo de alimentos (atrás de Natal e Black Friday), e o ticket médio do consumidor costuma subir 14% em relação ao mês anterior, segundo a Apas.

A data também é importante para pequenos empreendedores, e pesquisa do Sebrae mostrou que o número de pequenos negócios que fabricam derivados do chocolate aumentou na pandemia.

Mas empresas nesse segmento enfrentam desafios para manter os preços competitivos em meio às crises no Brasil e no mundo. O encarecimento dos combustíveis e dos fretes, e até o impacto da alta do petróleo nas embalagens, levam os custos para cima. Supermercados também não receberam a quantidade de ovos que esperavam, o que reduz a oferta e aumenta os preços, diz a Apas.

Com a crise, uma tendência que deve se repetir na Páscoa é a "substituição". A expectativa do setor é que consumidores troquem mais o ovo de páscoa por barras ou bombons, mais baratos, ou substituam o bacalhau por outros peixes. Fabricantes também têm respondido com estratégias para se manter competitivos, como produtos menores, mais acessíveis.

"O consumidor se vê no desafio de substituir alguns itens, às vezes trocando de produto ou deixando a marca de preferência", diz Pereira, da Apas.

Por outro lado, esta será a primeira Páscoa após o auge da pandemia, e vem sendo aguardada com expectativa pelo setor. Apesar da inflação, a projeção dos associados na Apas é de alta de cerca de 5% nas vendas de itens sazonais de Páscoa neste ano.

Com o poder de compra dos brasileiros em queda livre, não significa que ir ao supermercado não siga sendo desafiador. Mas da lista de coisas que ficaram mais caras, os itens de Páscoa estão longe de serem os principais vilões até aqui.

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