Economia

Os dedos da Economist

A propósito do fracasso das negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Cancún, no México, a revista britânica The Economist estampou em sua capa um cacto em formato de mão com o dedo médio em riste. A revista criticava a intransigência de países pobres ou emergentes como o Brasil, que teriam preferido o fracasso […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h03.

A propósito do fracasso das negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Cancún, no México, a revista britânica The Economist estampou em sua capa um cacto em formato de mão com o dedo médio em riste.

A revista criticava a intransigência de países pobres ou emergentes como o Brasil, que teriam preferido o fracasso do livre comércio global a assinar um acordo que não satisfizesse suas posições de modo integral. Tradicional defensora do liberalismo econômico, a Economist poderia ter feito uma consulta a seus arquivos antes de formular suas teses. Em sua primeira edição, de setembro de 1843, a mesma Economist, ainda um jornal (veja imagem), estampou como primeira manchete justamente a expiração do acordo comercial entre o Reino Unido e o então Império do Brasil. Enquanto os manufaturados ingleses entravam no Brasil pagando tarifas de 18,5%, as commodities agrícolas brasileiras eram importadas pelos ingleses mediante taxas de até 300%. Um país de quem recebemos tratamento tão liberal, (...), descobre que praticamente proibimos do nosso consumo cada artigo importante que ele produz , escrevia o jornal na primeira página de sua história. Não há, portanto, diferença substantiva entre as reivindicações brasileiras sobre o protecionismo e os subsídios agrícolas europeus de hoje e as críticas que a própria Economist, já com o dedo em riste, fazia a seu governo 160 anos atrás.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Acelerada pela Nvidia, Google — e agora Amazon —, startup quer inovar no crédito para PMEs

Cigarro mais caro deve pressionar inflação de 2024, informa Ministério da Fazenda

Fazenda eleva projeção de PIB de 2024 para 3,2%; expectativa para inflação também sobe, para 4,25%

Alckmin: empresas já podem solicitar à Receita Federal benefício da depreciação acelerada