São Paulo - Desde 2001, o Fórum Econômico Mundial divulga um relatório mostrando o que os países tem feito para se preparar para um futuro digital. No ranking de 2015, Singapura passou a Finlândia, mas os primeiros lugares continuam parecidos, com destaque para países europeus e asiáticos. Para o Brasil, uma má notícia: queda de 15 posições em um ano e de 19 posições desde 2012, o que nos deixou atrás de nações como Ucrânia, El Salvador e Ruanda. O Brasil não entrou no top 50 em nenhum dos 10 pilares divididos entre ambiente (regulatório/político e de negócios/inovação), prontidão tecnológica (infraestrutura, preços e competências), uso (por governos, indivíduos e empresas) e impactos (econômicos e sociais). 143 países foram analisados. Veja a seguir o top 12 e alguns destaques e pontos de atenção em cada um:
Singapura passou a Finlândia e lidera o ranking em 2015. O país tem o melhor ambiente do mundo para negócios e inovação e mais da metade da população está em empregos intensivos em conhecimento (atrás apenas de Luxemburgo). O país lidera em penetração de assinaturas de banda larga móvel per capita, mas curiosamente, "apenas" 75% da população faz uso regular da internet, abaixo dos líderes Islândia, Noruega e Suíça.
Após dois anos no topo, a Finlândia perdeu a liderança no ranking do Fórum graças principalmente a uma piora na entrega de serviços online pelo governo. A notícia vem no mesmo dia em que sua empresa mais valiosa, a Nokia, anunciou a compra da rival americana Alcatel-Lucent por US$ 16 bilhões. A Finlândia é primeiro lugar mundial em habilidades dos seus trabalhadores e passou o Japão como o país com maior número de patentes per capita.
"O ambiente político e de negócios da Suécia continua um dos melhores do mundo, apesar de um pequeno declínio", diz o relatório do Fórum. 95% dos suecos usam a internet regularmente e quase metade da população do país está em empregos intensivos em conhecimento. Uma excelente infraestrutura tecnológica e um acesso relativamente barato também contam a favor.
A Holanda manteve a 4ª posição graças a fatores como um bom ambiente regulatório e alto uso de internet no contato entre negócios e entre negócios e consumidores. Um ponto fraco do país é o preço de acesso: nesse quesito, o país amarga a 72ª posição mundial, o que leva a um número relativamente baixo de assinaturas de banda larga mobile.
A Noruega tem a melhor infraestrutura digital do planeta e a coloca para bom uso. O país é 6º lugar mundial em uso efetivo destes recursos para acesso a serviços básicos e 3º lugar no uso do digital na educação. O país só perde para a Islândia em acesso a internet (95%, empatado com a Suécia) e metade dos seus empregos são intensivos em conhecimento.
A Suíça é "uma das usinas de inovação mais prolíficas do mundo", de acordo com o relatório, o que pode ser visto no destaque mundial de empresas do país em setores muito diferentes. Alguns exemplos: Nestlé (alimentício), Novartis (farmacêutico) e Credit Suisse (financeiro). Líder mundial em assinaturas de banda larga fixa per capita, a Suíça só fica para trás no quesito "serviços digitais do governo", onde tem a pior nota de todas as economias desenvolvidas.
O berço de Microsoft, Google e Facebook tem uma das melhores infraestruturas digitais do mundo (4º lugar mundial) e o uso das tecnologias de informação é generalizado entre governo, população e empresas. Apesar de alguns problemas, como custo de acesso, os Estados Unidos são um melhores exemplos de como "uma economia grande e avançada pode investir para alavancar a promessa da tecnologia da informação", diz o relatório.
O Reino Unido subiu um degrau em 2015 e tomou o lugar de Hong Kong, que caiu 6 posições. Contam a favor dos britânicos uma excelente infraestrutura, um custo razoável de acesso e o alto uso pela população. O relatório destaca que as empresas do país estão "mostrando o caminho" com a liderança mundial na interação digital entre negócios e consumidores.
A pequena nação de apenas meio milhão de habitantes é mais conhecida como paraíso fiscal, mas tem se esforçado para se destacar também como pólo tecnológico. Não é por acaso que o país subiu 12 posições no ranking em 3 anos - um feito nada desprezível tão perto do topo. Nenhum país tem uma proporção tão grande de empregos intensivos em conhecimento (60%) como Luxemburgo, mas o custo de acesso ainda é alto demais e há espaço para melhorar coisas como os serviços online do governo.
O Japão subiu 6 posições em apenas um ano e aparece pela primeira vez no top 10 do ranking. A vantagem do país é que a população gosta de tecnologia: "9 em 10 usam a internet regularmente, quase todo celular é smartphone e o número de assinaturas de banda larga móvel per capita é terceiro lugar mundial", diz o relatório. A desvantagem: isso não tem causado o impacto esperado na economia. A chave para entender este fenômeno pode estar na cultura, relativamente mais hierárquica, patriarcal e avessa ao risco.
Outro que subiu no ranking foi o Canadá, da 17ª para a 11ª posição. O destaque fica para o ótimo ambiente político e de negócios, a infraestrutura digital, uma alta expressiva nas patentes registradas e uma população muito bem preparada (9º lugar mundial). São ponto de atenção a baixa penetração da banda larga móvel e a lentidão do sistema judiciário na garantia de contratos.
"A internet ultra-rápida é onipresente na Coreia do Sul", diz o relatório. Houve pouca mudança substantiva de um ano para o outro, e a queda de 2 posições é resultado mais de mérito de outros países do que de problemas coreanos. A população do país é uma das mais conectadas do mundo e o "efeito transformador das tecnologias de informação é significativo", resultado em parte da liderança do governo em adotá-las.
O Brasil teve uma das maiores quedas da edição 2015 do relatório: 15 posições, do 69º para o 84º lugar, logo atrás de Tunísia, Jamaica e Ruanda. Entre os BRICS, só a Índia está pior, no 89º lugar. A China ficou em 62º e a Rússia em 42º. Na América Latina, estamos atrás de Chile (38º) e Uruguai (46º) e na frente de Peru (90º) e Argentina (91º). Contra o país contam itens como o número de dias e procedimentos necessários para garantir um contrato ou começar um negócio, além de impostos altos e a baixa qualidade do sistema educacional. "O governo falhou em fazer das tecnologias de informação uma força central na sua estratégia de desenvolvimento (106º lugar nesse quesito). Consequentemente, os benefícios econômicos e sociais das tecnologias de informação continuam muito limitados (76º neste ranking)", diz o relatório. Como pontos positivos, é possivel destacar a melhora de 14 posições no ambiente de negócios e de inovação (agora no 121º lugar mundial) e o número relativamente alto de assinaturas de celular e de pessoas usando a internet e redes sociais.