Economia

Operadoras de celular preveem alta nos pagamentos no Brasil

Operadoras de telefonia preparam o lançamento do serviço de carteiras digitais e a expansão de seus produtos de contas pré-pagas no início de 2014

Celular: transações via pagamentos móveis no mundo devem atingir 235,4 bilhões de dólares em 2013, aumento de 44% ante o ano passado (Getty Images)

Celular: transações via pagamentos móveis no mundo devem atingir 235,4 bilhões de dólares em 2013, aumento de 44% ante o ano passado (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2013 às 10h56.

Rio de Janeiro - Com o recorde de vendas de smartphones e a recente regulamentação do Banco Central sobre pagamentos móveis, operadoras de telefonia preparam o lançamento do serviço de carteiras digitais e a expansão de seus produtos de contas pré-pagas no início de 2014.

No Brasil, todas as operadoras têm algum tipo de experiência com os chamados "mobile payment". Contudo, o modelo adotado, inspirado em países da África, é o da conta-corrente pré-paga, que utiliza o celular como cartão de débito, e que tem a população não bancarizada -estimada em 55 milhões de pessoas- como público-alvo.

A Vivo, da Telefônica Brasil, e a Claro já lançaram produtos desse tipo e projetam expandi-los para o país inteiro, segundo executivos das operadoras, prevendo que em 2014 também já será possível fazer transferências entre contas de empresas concorrentes.

A Vivo, que atualmente está presente em 80 cidades com 200 mil clientes de seu serviço Zuum, lançado em 2012 em parceria com a Mastercard, prevê chegar ao país inteiro no início do próximo ano e superar 1 milhão de clientes, segundo Maurício Romão, diretor de produtos digitais da operadora.

"Estamos trabalhando com os consumidores a cultura de se acostumar a depositar o dinheiro", disse Romão.

O Brasil foi o primeiro país em que a Telefónica lançou o produto, que seguirá para Peru, Argentina e México.

O modelo da conta pré-paga surgiu em países da África onde a bancarização é quase inexistente. Segundo Romão, no Quênia, grande parte da população usa o serviço, disponibilizado há cinco anos pela operadora Safaricom.

O executivo atribui a demora de massificar o produto no Brasil ao fato de que inicialmente bancos e operadoras não tinham clareza sobre qual papel teriam nas transações móveis. "De uns quatro anos para cá, essa conversa aconteceu e cada um entendeu o seu papel", disse, acrescentando que nesse período surgiram novas tecnologias que tornaram as operações mais seguras.


A regulamentação do BC, lançada em novembro, também ajudará a expandir o produto, acredita o executivo. "A regra deixou claro que não só os bancos poderiam ter esse tipo de conta. Quando não havia regulamentação, não era proibido, mas havia um pouco de receio", disse.

Apesar de a Vivo ter feito o lançamento um ano antes da regulamentação, o Zuum encaixou-se nas regras anunciadas pelo BC, que preveem, entre outros pontos, cadastro simplificado para contas com limite de 1,5 mil reais.

A Claro lançou em outubro o Meu Dinheiro Claro, em parceria com o Bradesco, um projeto-piloto em andamento em quatro cidades. Alexandre Olivari, diretor de serviços de valor agregado da Claro, não adiantou os resultados dos testes, mas disse que no começo de 2014 acontecerá o lançamento nacional.

"Na América Latina, todos os países estão mais ou menos iguais em termos de pagamentos móveis. O México lançou o serviço no início do ano. Temos casos em alguns países da África, onde a população começou a utilizar os créditos pré-pagos como moeda de troca", lembrou.

A Oi também tem serviços semelhantes. Neste ano, a operadora lançou, em parceria com o Banco do Brasil, o Oi Carteira, cartão pré-pago que funciona tanto no celular como no cartão tradicional.

A TIM lançará no ano que vem produto de cartão pré-pago no celular em conjunto com a Caixa Econômica Federal.


As transações via pagamentos móveis no mundo devem atingir 235,4 bilhões de dólares em 2013, aumento de 44 por cento ante o ano passado, segundo a empresa de pesquisas Gartner.

A região que lidera em volume de transações é a África, seguida por Ásia/Pacífico, América do Norte e Europa Ocidental.

Carteira digital

O próximo passo da evolução dos pagamentos móveis no Brasil é a carteira digital, serviço que permite troca de informações entre smartphones por aproximação. Adotado em pequena escala em alguns países desenvolvidos, o sistema conecta o smartphone à conta-corrente tradicional do cliente, assim como seus cartões de débito e crédito.

A Vivo planeja lançar o produto no ano que vem. "Já estamos testando com o Bradesco e prevemos lançar pouco antes da Copa", disse Romão.

Para funcionar, as máquinas das lojas que processam pagamentos com cartões (POS) devem se adaptar à tecnologia, o que já aconteceu com as grandes credenciadoras segundo Romão. As operadoras também precisam ter acordos com os bancos.

A Claro também está desenvolvendo com o Bradesco um projeto que deverá ser lançado no início de 2014. O serviço está em fase de testes e será vinculado a uma conta corrente bancária, possibilitando transações de débito e crédito.


A Oi também vem realizando testes. A TIM disse que vem realizando projetos-piloto com a tecnologia em parcerias com Itaú, Bradesco, Mastercard, Visa, Cielo e Redecard, e prevê lançar o produto no ano que vem.

A tecnologia avança com os smartphones, que vem registrando recordes consecutivos de vendas no país. Segundo a consultoria IDC, no terceiro trimestre a venda desses aparelhos subiu 147 por cento na comparação com o mesmo período de 2012.

"No Brasil, o mercado ainda precisa amadurecer, mas acreditamos que haverá uma massificação dos pagamentos móveis nos próximos dois anos", declarou Olivari, da Claro.

Mesmo nos países desenvolvidos, a tecnologia ainda engatinha, e responderá no fim de 2013 por apenas 2 por cento dos pagamentos móveis do mundo, segundo a Gartner, que reduziu as projeções deste ano devido à adoção mais lenta que o esperado dessa tecnologia, principalmente na América do Norte.

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