Economia

OMC: reduzir comércio diminui oportunidades de recuperação

O crescimento dos intercâmbios comerciais gira em torno de 3,5%, e se espera um maior arrefecimento das exportações e importações

Sede da OMC em Genebra: o aumento dos juros de tarifas é uma medida na qual muitos países estão fortemente limitados por acordos comerciais internacionais (©AFP / Fabrice Coffrini)

Sede da OMC em Genebra: o aumento dos juros de tarifas é uma medida na qual muitos países estão fortemente limitados por acordos comerciais internacionais (©AFP / Fabrice Coffrini)

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Da Redação

Publicado em 16 de julho de 2012 às 15h16.

Genebra - A imposição de restrições ao comércio reduz as oportunidades de recuperação da economia no atual contexto da crise, disse nesta segunda-feira o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, que afirmou que o comércio mundial deve crescer 3,5% em 2012.

Lamy foi o responsável por apresentar o Relatório Mundial do Comércio de 2012, uma das publicações anuais mais importantes da OMC e que este ano está centrado na análise das medidas não tarifárias que se aplicam a nível global.

Embora tenha afirmado que espera que novas previsões sobre a evolução do comércio internacional sejam publicadas ainda este mês, Lamy comentou que "o comércio não pode estar bem se a economia mundial está em más condições. Isso é resultado da falta de equilíbrio entre oferta e procura".

O crescimento dos intercâmbios comerciais gira em torno de 3,5%, e se espera um maior arrefecimento das exportações e importações, que em 2011 progrediram em conjunto cerca de 5% (contra o 13,8 % de 2010). Frente às incertezas na economia mundial, o responsável da OMC defendeu a importância de "conter o protecionismo".

Os analistas da organização comercial, que conta atualmente com mais de 150 países-membros, destacam, na publicação apresentada, o forte impacto dos desastres naturais no comportamento dos intercâmbios internacionais de bens.

Os especialistas dizem que o tsunami do Japão, que reduziu severamente as exportações do país em meados de ano passado, assim como as inundações na Tailândia, que frearam o fornecimento de autopeças essenciais para alimentar as cadeias de produção mundial.

Por outra parte, a OMC afirma que o desempenho dos países em desenvolvimento esteve abaixo do esperado em 2011, com um crescimento das exportações que só chegou a 5,4% (excluindo a China).


Um caso particular foi o da África, cujas exportações diminuíram muito por conta das mudanças políticas que vários países árabes estão vivendo, particularmente no que diz respeito à comercialização de petróleo.

O crescimento relativamente sólido no grupo de países desenvolvidos se deve aos Estados Unidos, cujas exportações aumentaram 7,2%, enquanto as procedentes da União Europeia progrediram apenas 5%.

Em termos de valor, o comércio de mercadorias aumentou 19% e totalizou US$ 18,2 trilhões (R$ 37 trilhões) no ano passado, superando o pico histórico que tinha sido registrado em 2008, somando a quantia de US$ 16,1 trilhões (R$ 32,7 trilhões). Grande parte deste crescimento é atribuída ao aumento de preço das matérias-primas.

Com relação ao comércio de serviços, as exportações avançaram 11% e chegaram a US$ 4,2 trilhões (R$ 8,5 trilhões).

O relatório da OMC também analisou as tendências no uso de medidas não tarifárias, que tomam formas distintas (obstáculos técnicos ao comércio ou medidas sanitárias e fitossanitárias, entre outras) e servem em geral para proteger a produção nacional sem aplicar altas de impostos às importações (tarifas).

O aumento dos juros de tarifas é uma medida na qual muitos países estão fortemente limitados por acordos comerciais internacionais.

Ao repassar as principais conclusões do relatório, Lamy disse que "circunscrever o protecionismo é parte da solução aos problemas que afligem a economia mundial". O francês também acrescentou que há uma tendência entre os países para adotar medidas baseadas mais no sentido "de precaução que de proteção", em vista dos temores que surgem pelas turbulências econômicas. 

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