Economia

OMC projeta recuperação gradual da economia brasileira este ano

A avaliação põe em evidência a fragilidade da economia ao apontar que, apesar de seus parâmetros fundamentais serem sólidos, há riscos de piora da situação

Brasil: a eventualidade de uma nova crise política está entre os fatores que tornam a economia brasileira mais vulnerável (foto/Getty Images)

Brasil: a eventualidade de uma nova crise política está entre os fatores que tornam a economia brasileira mais vulnerável (foto/Getty Images)

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EFE

Publicado em 17 de julho de 2017 às 13h52.

Genebra - A economia do Brasil se recuperará de forma gradual neste ano, mas seu crescimento se manterá em níveis baixos durante um longo período, é o que diz a análise de política comercial realizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC).

A avaliação, apresentada nesta segunda-feira, põe em evidência a fragilidade da maior economia da América do Sul ao apontar que, apesar de os "parâmetros fundamentais" de sua economia serem sólidos, há riscos de piora da situação.

Os fatores que tornam a economia brasileira mais vulnerável estão relacionados com a eventualidade de uma nova crise política e com a lentidão na hora de corrigir os desequilíbrios fiscais.

De acordo com a OMC, "a prosperidade e o crescimento sustentável futuros dependem da realização de reformas estruturais que potencializem a produtividade em várias esferas, entre elas uma reforma do regime fiscal e de incentivos", algo que os especialistas da organização consideram "excessivamente complexo".

Além disso, a avaliação da OMC sugere uma redução nas limitações regulamentares que pesam sobre as empresas, além de uma correção nas deficiências em infraestrutura e que sejam encontradas soluções para os problemas relacionados com a previdência e o mercado de trabalho.

A OMC considera que se essas reformas forem realizadas, a resistência da economia do Brasil aumentaria e ajudaria a gerar um crescimento inclusivo.

Nos quatro anos transcorridos desde a última avaliação de política comercial da OMC, o Brasil caiu no período 2015-2016 em uma grave recessão provocada pela deterioração das relações comerciais e por uma crise política.

Essa conjunção de situações resultou na queda do crescimento anual do Produto Interno Bruto (PIB), que caiu de 3% em 2013 para números negativos em 2015 e 2016.

A recessão esteve acompanhada de um aumento da inflação e do desemprego, bem como de problemas de disciplina fiscal.

No entanto, a OMC destacou em seu relatório que "o sistema financeiro brasileiro não sofreu prejuízos importantes pela retração da economia", mas que isso resultou em uma maior prudência na concessão de créditos internos, enquanto que a demanda por empréstimos diminuiu.

A organização também ressaltou que a economia do Brasil segue concentrada no mercado interno, enquanto que as tendências de comércio internacional e de investimento estrangeiro direto evidenciam a importância da União Europeia como o principal fornecedor de produtos ao Brasil e um dos destinos cruciais de suas exportações.

A China, por sua vez, ocupa desde 2015 o primeiro lugar como mercado para as exportações do Brasil.

Apesar da crise política e econômica dos últimos anos, o Brasil continuou atraindo consideráveis investimentos estrangeiros, cujo valor oscilou entre 2% e 3% do PIB.

Esses recursos permitiram financiar plenamente o déficit em conta corrente nos dois últimos anos, segundo a OMC.

Por outro lado, a análise comercial destacou que o Brasil mantém programas para promover a competitividade das empresas exportadoras, em particular as de menor tamanho.

"Os exportadores podem escolher vários mecanismos de financiamento, seguro e garantia, com taxas de juros atrativas e outras condições favoráveis", segundo o relatório, que menciona os programas que incentivam as exportações com valor agregado nacional.

Em matéria de propriedade, a OMC lembrou que o Governo Federal ainda controla "um número relativamente grande de empresas que realizam atividades comerciais em uma ampla gama de setores, como hidrocarbonetos, eletricidade, serviços portuários, financeiros, de transporte, de telecomunicações e de saúde.

"Algumas empresas públicas seguem ocupando uma posição dominante em seus respectivos mercados", enfatizou a organização.

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