Com China em alta e vacina, OCDE melhora projeção para o PIB
Apesar da melhora, a estimativa é que a China seja o único país analisado pela OCDE a crescer em 2020. Para o Brasil, a projeção é pior que a do governo
Carolina Riveira
Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 07h39.
Última atualização em 1 de dezembro de 2020 às 08h26.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ( OCDE ) melhorou sua projeção para a economia global em 2020 em novo relatório nesta terça-feira. Dos 4,5% de queda do PIB esperados no relatório de setembro, a organização projeta agora que a economia global vai encolher 4,2% neste ano.
Para 2021, a projeção é de crescimento dos mesmos 4,2% (valor menor que os 5% previstos em setembro) e de 3,7% para 2022.
A OCDE citou como motivos de otimismo o progresso com as vacinas da covid e as ações de bancos centrais e governos para mitigar os impactos econômicos da crise. "Pela primeira vez desde que a pandemia começou, agora há esperança para um futuro melhor", disse a organização sobre os novos números.
A expectativa é que o PIB global também retorne a níveis pré-crise antes do fim de 2021, liderado por forte recuperação na China, disse a OCDE.
A China será o único país coberto pela OCDE a registrar crescimento neste ano, de 1,8%, o mesmo valor que já havia sido projetado em setembro. A economia chinesa deve ainda crescer 8% em 2021 e 4,9% em 2022, liderando a retomada global nos próximos anos.
Apesar da melhora nos números, a organização reiterou que a crise está longe do fim e que a recuperação entre os países será desigual.
É o caso do Brasil, onde a projeção de queda do PIB ficou em 6%, melhor do que em estimativas anteriores, mas ainda abaixo da média global (impulsionada pela China) e de países como EUA e Alemanha.
A estimativa da OCDE é pior do que a do governo brasileiro, que estima recuo de 4,5%. O boletim Focus desta segunda-feira, com base em analistas do mercado, trouxe a mesma projeção de 4,5% para 2020.
"Ainda não estamos a salvo. Ainda estamos no meio de uma crise pandêmica, o que significa que a política econômica ainda tem muito a fazer", disse o economista-chefe da OCDE, Laurence Boone.
Enquanto a China se recupera rapidamente, o cenário será mais tortuoso para Estados Unidos e Europa, que devem contribuir menos com a recuperação nos próximos anos do que seu atual peso na economia.
A projeção da OCDE é que a economia americana contraia 3,7% este ano (ante 3,8% no último relatório), e depois creça 3,2% em 2021 e 3,5% em 2022.
Esses números valem no caso de um novo estímulo fiscal aprovado pelo governo e Congresso eleitos, diz a OCDE. No governo do presidente Donald Trump, a equipe do presidente e republicanos no Senado não conseguiram negociar junto aos democratas na Câmara um novo pacote de estímulo para este ano, o que era uma expectativa do mercado.
Já a economia da zona do euro vai contrair ainda mais que a americana, 7,5% este ano, com crescimento de 3,6% em 2021 e 3,3% em 2022. Apesar do forte impacto, as estimativas melhoraram em relação a setembro, quando a previsão era de contração de 7,9% este ano.
Como no resto do mundo, há uma discrepância grande dentro do bloco: França e Itália devem cair na casa dos 9%, enquanto a Alemanha deve cair 5,5%. O Reino Unido, que deixou a União Europeia após o Brexit, tem previsão de queda de astronômicos 11,2%.
Danos "para toda a vida"
Os números escondem as grandes variações entre os países, com a produção em muitas economias devendo permanecer cerca de 5% abaixo dos níveis pré-crise em 2022.
A OCDE reiterou que os governos mundo afora precisam garantir que as políticas públicas atuem na redução das desigualdades acentuadas pela pandemia.
"Apesar do gigante 'band-aid' da política pública, e mesmo num cenário positivo, a pandemia terá causado danos aos tecidos socioeconômicos dos países no mundo", diz a organização no relatório, afirmando que há a possibilidade de danos "para toda a vida" às comunidades menos favorecidas.
(Com Reuters)