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Obama encurrala oposição com alerta sobre teto da dívida

Frustrados por não conseguirem reduzir gastos públicos, republicanos se veem obrigados a lutar para preservar o teto da dívida pública americana

Republicanos ameaçam barrar ampliação do teto do endividamento dos Estados Unidos se presidente não reduzir gastos públicos (Jonathan Ernst/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 15 de janeiro de 2013 às 10h03.

Washington - Os parlamentares republicanos dos EUA, frustrados por não conseguirem até agora convencer o presidente Barack Obama a reduzir gastos públicos, repentinamente se veem obrigados a lutar para preservar aquele que consideravam ser seu maior trunfo: a ameaça de barrar a ampliação do teto de endividamento do governo a partir do mês que vem.

Isso ficou claro na segunda-feira, quando Obama usou a última entrevista coletiva do seu primeiro mandato para apresentar de forma incisiva os problemas que a nação enfrentaria caso o governo seja proibido de contrair mais empréstimos.

Em vez de esmiuçar o impacto de uma moratória sobre as notas de crédito do país, algo que muita gente não consegue entender plenamente, Obama falou dos atrasos nos pagamentos a soldados, pensionistas e controladores de tráfego aéreo caso os republicanos cumpram suas ameaças.

"Se os parlamentares republicanos se recusarem a pagar as contas da América em dia, os cheques da Seguridade Social e dos benefícios para veteranos ficarão atrasados", disse ele. "Podemos não ser capazes de pagar nossos soldados, ou honrar nossos contratos com os pequenos empresários. Inspetores de alimentos, controladores de tráfego aéreo e especialistas que monitoram material nuclear à solta não vão receber seus contracheques." "Os mercados poderiam ficar desordenados", prosseguiu. "As taxas de juros iriam disparar para qualquer um que tome dinheiro emprestado -- todo mutuário com uma hipoteca, todo estudante com um crédito educacional, todo pequeno empresário que deseje crescer e contratar." Em lugar de tentar explicar como a não ampliação do teto da dívida impactaria o crédito, o presidente comparou isso a comer "tudo o que você quiser" num restaurante e então sair "sem pagar a conta".

A escalada (e simplificação) da retórica de Obama obedece à sua tática de criar uma grande polêmica em torno da ampliação do teto da dívida, tornando-a assim inegociável.


Dissociando essa questão do atual debate sobre os gastos públicos, ele poderia então passar para as controvérsias seguintes: as negociações sobre os cortes automáticos dos gastos públicos, adiados por dois meses no acordo de janeiro que evitou o "abismo fiscal", e o debate menos volátil no final de março sobre como manter o financiamento do governo.

Os EUA alcançaram em 31 de dezembro o atual teto de endividamento, de 16,4 trilhões de dólares, e agora recorrem a medidas especiais para cumprir suas obrigações financeiras. O Departamento do Tesouro disse que essas medidas podem se esgotar até meados de fevereiro.

Em resposta, os republicanos argumentam que usar o teto da dívida como barganha é algo rotineiro, e que as consequências da sua não elevação seriam administráveis.

"Pelo bem do país"

Esses parlamentares argumentam que, em vez de levar a uma moratória, com as calamitosas consequências econômicas alardeadas pelos democratas, a não-elevação do teto da dívida provocaria apenas uma paralisação temporária de alguns programas e órgãos do governo, e que isso pressionaria Obama a aceitar um acordo significativo para a redução do déficit público.

"Os republicanos deveriam usar, terão de usar, pelo bem do país, qualquer alavancagem que tiverem para alcançarem esse objetivo. E o teto da dívida é uma das coisas que podem ser eficazes em ajudar a reduzir os gastos", disse à Reuters na semana passada Jeff Sessions, líder republicano na Comissão de Orçamento do Senado.

Tentando mostrar que a barganha envolvendo o teto da dívida é rotineira, assessores republicanos do Senado divulgaram à imprensa um comunicado mostrando vários casos de restrições de gastos vinculados ao limite de endividamento, desde a década de 1980.


Mas a perspectiva de fazer o governo parar já foi contraproducente, e até desastrosa, para os republicanos no passado. Depois da paralisação do governo em 1995, as pesquisas mostraram que a opinião pública culpou principalmente a oposição republicana, e não o presidente Bill Clinton, pelos transtornos, e isso contribuiu para que o democrata fosse reeleito no ano seguinte.

Há quem diga que a atual disputa está apenas começando.

"Ainda estamos na fase em que você tenta conquistar os corações e mentes dos eleitores antes de haver qualquer negociação", disse Greg Valliere, estrategista-chefe de política do Potomac Research Group, que presta assessoria sobre questões da política dos EUA a investidores institucionais. "Ambos os lados estão apenas marcando posição." Obama e os parlamentares democratas esperam que o empresariado dos EUA pressione os republicanos a aprovarem prontamente um novo teto para a dívida pública.

Nos últimos dias, a Câmara de Comércio dos EUA alerta repetidamente sobre os graves transtornos econômicos caso o governo seja forçado a declarar moratória. E John Engler, presidente do grupo Business Roundtable, que reúne executivos de grandes empresas, propôs uma elevação por cinco anos do teto da dívida, dissociando essa questão do debate sobre os gastos públicos.

Com um discurso de posse na próxima segunda-feira e o pronunciamento do Estado da União em fevereiro, Obama provavelmente irá continuar martelando seu tema.

Os republicanos desejam cortes profundos nos programas públicos de saúde Medicare e Medicaid, e reduções nos gastos da Seguridade Social com aposentadorias. Os democratas resistem a isso, e devem oferecer apenas cortes modestos, com ajustes para levar em conta a perspectiva de inflação.

Há, no entanto, quem alerte que a abordagem de Obama na guerra de relações públicas pode ter efeitos adversos.

"Os ataques de Obama aos parlamentares republicanos têm esse perverso outro lado de só aumentar a determinação deles", disse Chris Krueger, analista político da firma de serviços financeiros Guggenheim Partners, em Washington.

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Washington - Os parlamentares republicanos dos EUA, frustrados por não conseguirem até agora convencer o presidente Barack Obama a reduzir gastos públicos, repentinamente se veem obrigados a lutar para preservar aquele que consideravam ser seu maior trunfo: a ameaça de barrar a ampliação do teto de endividamento do governo a partir do mês que vem.

Isso ficou claro na segunda-feira, quando Obama usou a última entrevista coletiva do seu primeiro mandato para apresentar de forma incisiva os problemas que a nação enfrentaria caso o governo seja proibido de contrair mais empréstimos.

Em vez de esmiuçar o impacto de uma moratória sobre as notas de crédito do país, algo que muita gente não consegue entender plenamente, Obama falou dos atrasos nos pagamentos a soldados, pensionistas e controladores de tráfego aéreo caso os republicanos cumpram suas ameaças.

"Se os parlamentares republicanos se recusarem a pagar as contas da América em dia, os cheques da Seguridade Social e dos benefícios para veteranos ficarão atrasados", disse ele. "Podemos não ser capazes de pagar nossos soldados, ou honrar nossos contratos com os pequenos empresários. Inspetores de alimentos, controladores de tráfego aéreo e especialistas que monitoram material nuclear à solta não vão receber seus contracheques." "Os mercados poderiam ficar desordenados", prosseguiu. "As taxas de juros iriam disparar para qualquer um que tome dinheiro emprestado -- todo mutuário com uma hipoteca, todo estudante com um crédito educacional, todo pequeno empresário que deseje crescer e contratar." Em lugar de tentar explicar como a não ampliação do teto da dívida impactaria o crédito, o presidente comparou isso a comer "tudo o que você quiser" num restaurante e então sair "sem pagar a conta".

A escalada (e simplificação) da retórica de Obama obedece à sua tática de criar uma grande polêmica em torno da ampliação do teto da dívida, tornando-a assim inegociável.


Dissociando essa questão do atual debate sobre os gastos públicos, ele poderia então passar para as controvérsias seguintes: as negociações sobre os cortes automáticos dos gastos públicos, adiados por dois meses no acordo de janeiro que evitou o "abismo fiscal", e o debate menos volátil no final de março sobre como manter o financiamento do governo.

Os EUA alcançaram em 31 de dezembro o atual teto de endividamento, de 16,4 trilhões de dólares, e agora recorrem a medidas especiais para cumprir suas obrigações financeiras. O Departamento do Tesouro disse que essas medidas podem se esgotar até meados de fevereiro.

Em resposta, os republicanos argumentam que usar o teto da dívida como barganha é algo rotineiro, e que as consequências da sua não elevação seriam administráveis.

"Pelo bem do país"

Esses parlamentares argumentam que, em vez de levar a uma moratória, com as calamitosas consequências econômicas alardeadas pelos democratas, a não-elevação do teto da dívida provocaria apenas uma paralisação temporária de alguns programas e órgãos do governo, e que isso pressionaria Obama a aceitar um acordo significativo para a redução do déficit público.

"Os republicanos deveriam usar, terão de usar, pelo bem do país, qualquer alavancagem que tiverem para alcançarem esse objetivo. E o teto da dívida é uma das coisas que podem ser eficazes em ajudar a reduzir os gastos", disse à Reuters na semana passada Jeff Sessions, líder republicano na Comissão de Orçamento do Senado.

Tentando mostrar que a barganha envolvendo o teto da dívida é rotineira, assessores republicanos do Senado divulgaram à imprensa um comunicado mostrando vários casos de restrições de gastos vinculados ao limite de endividamento, desde a década de 1980.


Mas a perspectiva de fazer o governo parar já foi contraproducente, e até desastrosa, para os republicanos no passado. Depois da paralisação do governo em 1995, as pesquisas mostraram que a opinião pública culpou principalmente a oposição republicana, e não o presidente Bill Clinton, pelos transtornos, e isso contribuiu para que o democrata fosse reeleito no ano seguinte.

Há quem diga que a atual disputa está apenas começando.

"Ainda estamos na fase em que você tenta conquistar os corações e mentes dos eleitores antes de haver qualquer negociação", disse Greg Valliere, estrategista-chefe de política do Potomac Research Group, que presta assessoria sobre questões da política dos EUA a investidores institucionais. "Ambos os lados estão apenas marcando posição." Obama e os parlamentares democratas esperam que o empresariado dos EUA pressione os republicanos a aprovarem prontamente um novo teto para a dívida pública.

Nos últimos dias, a Câmara de Comércio dos EUA alerta repetidamente sobre os graves transtornos econômicos caso o governo seja forçado a declarar moratória. E John Engler, presidente do grupo Business Roundtable, que reúne executivos de grandes empresas, propôs uma elevação por cinco anos do teto da dívida, dissociando essa questão do debate sobre os gastos públicos.

Com um discurso de posse na próxima segunda-feira e o pronunciamento do Estado da União em fevereiro, Obama provavelmente irá continuar martelando seu tema.

Os republicanos desejam cortes profundos nos programas públicos de saúde Medicare e Medicaid, e reduções nos gastos da Seguridade Social com aposentadorias. Os democratas resistem a isso, e devem oferecer apenas cortes modestos, com ajustes para levar em conta a perspectiva de inflação.

Há, no entanto, quem alerte que a abordagem de Obama na guerra de relações públicas pode ter efeitos adversos.

"Os ataques de Obama aos parlamentares republicanos têm esse perverso outro lado de só aumentar a determinação deles", disse Chris Krueger, analista político da firma de serviços financeiros Guggenheim Partners, em Washington.

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