O Real está sobrevalorizado ou não? Pelo Índice Big Mac, depende
Preço do Big Mac no Brasil implica que a suposta taxa de câmbio de equilíbrio seria de R$ 3,13, mas cenário é outro quando se considera o PIB per capita
João Pedro Caleiro
Publicado em 19 de janeiro de 2018 às 11h06.
Última atualização em 19 de janeiro de 2018 às 11h45.
São Paulo - O Real está subvalorizado ou sobrevalorizado?
A conclusão depende, de acordo com os últimos números do índice Big Mac, calculado semestralmente pela revista britânica The Economist .
O cálculo usa a ideia de paridade de poder de compra, pelo qual as taxas de câmbio tendem a caminhar no longo prazo para que um mesmo bem ou serviço fique com o mesmo preço em dólar em qualquer país.
O Big Mac foi só o produto escolhido pela revista pela sua grande presença internacional, e os dados mostram que o preço do sanduíche no Brasil é atualmente de R$ 16,50.
Isso é o equivalente a US$ 5,11 considerando uma cotação de 3,23 reais por dólar ( a cotação caiu ainda mais nos últimos dias e está em 3,20 reais por dólar ).
O preço do sanduíche nos Estados Unidos, usado como referência geral, é de US$ 5,28. Isso implica que a suposta taxa de câmbio de equilíbrio seria de 3,13 reais por dólar. Ela é mais baixa do que a atual - ou seja, o Real estaria ainda subvalorizado.
Os únicos 3 países com moeda sobrevalorizada por este critério, segundo a Economist, são a Suíça (+28,1%), Noruega (+18,2%) e Suécia (+16%).
Na outra ponta estão os países com moedas mais subvalorizadas: Ucrânia (69% abaixo da cotação esperada considerando o Big Mac), Egito (-63,4%), Malásia (-56,9%) e Rússia (-56,6%).
Índice ajustado
Mas este método já foi criticado por não levar em conta o fato de que países mais pobres tem em geral menor custo de mão de obra – e, portanto, preços menores.
Em resposta, a Economist começou a calcular um índice Big Mac ajustado, que analisa se uma moeda está sobrevalorizada ou subvalorizada comparada com o que se esperaria dado o nível de desenvolvimento de um país, tomado pelo PIB per capita.
Com este critério, o Brasil é líder absoluto, com preço 61% maior do que o esperado – mais que o dobro do segundo colocado, o Chile com 26,8%.
Histórico
O Índice Big Mac é calculado pela Economist desde 1986, já foi incluído em livros didáticos e serviu de tema para mais de 20 trabalhos acadêmicos.
Mas a própria revista avisa que o Índice Big Mac não tem pretensão científica e é “meramente uma ferramenta para tornar a teoria de taxas de câmbio mais palatável”.