O que vai acontecer com a cotação do dólar, segundo o Itaú
Com alta dos juros americanos e incertezas domésticas, a volatilidade tende a ser intensa e uma pressão mais alta no curto prazo não está descartada
João Pedro Caleiro
Publicado em 14 de junho de 2018 às 12h30.
Última atualização em 14 de junho de 2018 às 14h14.
São Paulo - Apesar do notório desafio que é prever a trajetória do câmbio , a previsão do Itaú é que o dólar termine tanto 2018 quanto 2019 em R$ 3,70.
O número foi dado pela equipe de economistas do banco em reunião com jornalistas em São Paulo na manhã desta quinta-feira (14).
A avaliação é que a performance do Real nos últimos meses tem sido fraca na comparação com outros países, com outros ativos brasileiros e com o que sugerem nossos indicadores de vulnerabilidade externa.
A explicação do banco é que um fator de peso tem sido o diferencial entre a taxa de juros brasileira, que está em patamares historicamente baixos, e a taxa de juros americana, que está subindo.
O Federal Reserve, o banco central americano, anunciou nesta quarta-feira (13) o segundo aumento neste ano da sua taxa de referência, que foi para a faixa entre 1,75% e 2%.
O cenário-base do Fed passou a ser que o ano terá mais duas altas, e não apenas uma como estava previsto, diante da força da atividade econômica, do mercado de trabalho e da inflação.
Somado com as incertezas domésticas com a eleição e o cenário fiscal, a volatilidade do Real tende a ser intensa para os dois lados e uma pressão mais alta no curto prazo não está descartada.
O BC deve continuar atuando no mercado para “corrigir disfuncionalidades, dinâmicas perversas ou volatilidade excessiva, mas não para defender um certo patamar”, diz Julia Gottlieb, economista do banco.
O principal instrumento de intervenção são os swaps cambiais, um contrato de venda de dólares oferecido pelo BC com data de encerramento definida.
No vencimento, o investidor se compromete a pagar uma taxa de juros sobre valor dos contratos e recebe do BC a variação do dólar no mesmo período.
Com as operações das últimas semanas, o estoque de swaps do BC (posição vendida) está próximo de US$ 50 bilhões. No pico histórico, esse valor chegou a US$ 115 bilhões.
“O debate está mais ou menos dividido entre os que acham que o BC está fazendo demais e os que acham que está fazendo de menos, o que sugere que ele está fazendo na intensidade correta”, diz Mário Mesquita, economista-chefe do banco.
O custo é relativamente pequeno porque os períodos de queda do câmbio compensam parte dos custos dos períodos de alta. Ou seja: no balanço, só vão crescer com força se o câmbio só ficar subindo.
Questionado pelo Estadão sobre o custo dos swaps, o BC reafirmou que ele é equivalente ao das reservas. E como as reservas estão em dólar, elas sobem se o dólar se fortalece.
“O que se perde com swaps se ganha muito mais com volume maior das reservas. Nos últimos anos, a combinação entre reservas e swaps deu lucro ao Banco Central”, disse a instituição, por meio de sua assessoria.
(com informações do Estadão Conteúdo)