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O euro foi um fracasso?

A moeda comum decepcionou, mas isso não significa que deva ser abandonada; recentemente, economistas se reuniram para debater esse dilema

Euro (Philippe Huguen/AFP)

João Pedro Caleiro

Publicado em 18 de janeiro de 2016 às 16h48.

São Paulo - O euro foi um fracasso?

Esta foi a questão lançada para 50 economistas reunidos nos dias 06 e 07 de novembro para uma conferência em Ditchley Park, Oxfordshire, no Reino Unido.

O debate foi resumido em um relatório recém-lançado, mas a pergunta em si é capciosa: fracasso para quem e com qual critério?

Apesar do euro não ter tido nenhuma debandada de membros em seus 14 anos de existência (nem mesmo da cambaleante Grécia), ele certamente frustrou as promessas de seus criadores.

Ao contrário dos Estados Unidos, do Reino Unido e de outros países da União Europeia com moedas próprias, a economia da zona do euro praticamente não cresceu em termos reais entre 2008 e 2015.

O desemprego na zona é de 11%, mais que o dobro dos países da UE que não o utilizam, e ultrapassa os 20% em países como a Espanha e entre a juventude.

Desafios e soluções

De acordo com vários debatedores, é impossível saber o que teria acontecido sem o euro. Sua própria existência o torna um perfeito bode expiatório para os problemas da Europa, como prova  a ascensão recentes de partidos anti-integração em vários países.

Mas ao mesmo tempo, vários alegam que o erro foi justamente ter criado uma união monetária sem união fiscal e política. Em entrevista para EXAME.com no ano passado, o professor do Cento de Estudos Europeus de Harvard, Peter Hall, resumiu o dilema:

"A grande ironia é que economistas e muitos oficiais concluíram que para o euro dar certo, é preciso mais integração fiscal e politica. E ao mesmo tempo, o efeito da crise foi persuadir os eleitores que mais integração seria indesejável."

Todo tipo de solução já foi colocada para o problema, desde a criação de uma nova moeda até a saída da Alemanha, cujo nível de superávit se tornou um peso para os outros membros.

Ainda assim, a grande maioria concorda que o euro é um caso clássico de "ruim com ele, pior sem ele".  Uma Europa que desistisse de se unir teria ainda mais dificuldade de enfrentar seus desafios comuns, como envelhecimento da população e falta de competitividade, ou de fazer reformas internas.

Isso sem falar nas consequências imprevisíveis da saída de qualquer país. A formação legal da zona do euro nunca sequer contemplou sua própria dissolução, então qualquer movimento do tipo iria disparar fuga de capital, recessão e incertezas legais.

A solução possível é gerenciar melhor a união que existe. Alguns avanços já foram feitos, como a união bancária, e após anos de dura austeridade os déficits estão finalmente caindo.

Durante o debate, alguns economistas apontaram que agora pode ser a hora de deixar o BCE assumir a responsabilidade compartilhada pelos títulos do bloco todo, por exemplo, um sinal inequívoco de que a união é para valer.

Um dos debatedores fez um paralelo entre o euro e a Schengen, área de circulação livre de pessoas do bloco da União Europeia e que hoje está colocada em questão diante da ameaça terrorista:

"Ambas criaram fatos concretos sem que eles fossem seguidos pelas instituições necessárias - e regras não são substitutas para as instituições apropriadas".

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Esta foi a questão lançada para 50 economistas reunidos nos dias 06 e 07 de novembro para uma conferência em Ditchley Park, Oxfordshire, no Reino Unido.

O debate foi resumido em um relatório recém-lançado, mas a pergunta em si é capciosa: fracasso para quem e com qual critério?

Apesar do euro não ter tido nenhuma debandada de membros em seus 14 anos de existência (nem mesmo da cambaleante Grécia), ele certamente frustrou as promessas de seus criadores.

Ao contrário dos Estados Unidos, do Reino Unido e de outros países da União Europeia com moedas próprias, a economia da zona do euro praticamente não cresceu em termos reais entre 2008 e 2015.

O desemprego na zona é de 11%, mais que o dobro dos países da UE que não o utilizam, e ultrapassa os 20% em países como a Espanha e entre a juventude.

Desafios e soluções

De acordo com vários debatedores, é impossível saber o que teria acontecido sem o euro. Sua própria existência o torna um perfeito bode expiatório para os problemas da Europa, como prova  a ascensão recentes de partidos anti-integração em vários países.

Mas ao mesmo tempo, vários alegam que o erro foi justamente ter criado uma união monetária sem união fiscal e política. Em entrevista para EXAME.com no ano passado, o professor do Cento de Estudos Europeus de Harvard, Peter Hall, resumiu o dilema:

"A grande ironia é que economistas e muitos oficiais concluíram que para o euro dar certo, é preciso mais integração fiscal e politica. E ao mesmo tempo, o efeito da crise foi persuadir os eleitores que mais integração seria indesejável."

Todo tipo de solução já foi colocada para o problema, desde a criação de uma nova moeda até a saída da Alemanha, cujo nível de superávit se tornou um peso para os outros membros.

Ainda assim, a grande maioria concorda que o euro é um caso clássico de "ruim com ele, pior sem ele".  Uma Europa que desistisse de se unir teria ainda mais dificuldade de enfrentar seus desafios comuns, como envelhecimento da população e falta de competitividade, ou de fazer reformas internas.

Isso sem falar nas consequências imprevisíveis da saída de qualquer país. A formação legal da zona do euro nunca sequer contemplou sua própria dissolução, então qualquer movimento do tipo iria disparar fuga de capital, recessão e incertezas legais.

A solução possível é gerenciar melhor a união que existe. Alguns avanços já foram feitos, como a união bancária, e após anos de dura austeridade os déficits estão finalmente caindo.

Durante o debate, alguns economistas apontaram que agora pode ser a hora de deixar o BCE assumir a responsabilidade compartilhada pelos títulos do bloco todo, por exemplo, um sinal inequívoco de que a união é para valer.

Um dos debatedores fez um paralelo entre o euro e a Schengen, área de circulação livre de pessoas do bloco da União Europeia e que hoje está colocada em questão diante da ameaça terrorista:

"Ambas criaram fatos concretos sem que eles fossem seguidos pelas instituições necessárias - e regras não são substitutas para as instituições apropriadas".

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