Economia

O Brasil está começando a perder o rumo, diz FHC

As críticas mais duras do ex-presidente foram dirigidas aos escândalos que assolam a Petrobras


	FHC: ele afirma que sua gestão decidiu remar contra a maré e combater a alta inflacionária
 (Magdalena Gutierrez/Divulgação Fundação iFHC)

FHC: ele afirma que sua gestão decidiu remar contra a maré e combater a alta inflacionária (Magdalena Gutierrez/Divulgação Fundação iFHC)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de setembro de 2014 às 16h05.

São Paulo - O ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso disse, nesta segunda-feira, 22, ser um homem que acredita no Brasil. Apesar disso, destacou que é preciso ter indignação quando o Brasil perde o rumo. 

"E o Brasil está começando a perder o rumo", frisou, em almoço-palestra para mais de 600 empresários, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide).

Na palestra, o ex-presidente da República lembrou que, ao assumir o país, depois de alguns escândalos que o Congresso Nacional enfrentou, como o dos "anões do orçamento", levou um grupo competente de pessoas para fazer a nação funcionar.

"Em 93, 94, juntamos um grupo de pessoas e batalhamos contra quase todo mundo porque não se acreditava que fosse possível colocar em ordem as finanças do país."

E disse que sua gestão decidiu remar contra a maré e combater a alta inflacionária.

Em sua palestra, o ex-presidente tucano criticou a política externa praticada na gestão petista, dizendo que "nos dias atuais, o coração dos que estão no governo bate no mesmo ritmo de países como Bolívia e Argentina".

E disse que a política externa petista fez o Brasil perder o rumo no mundo. "O Brasil se isolou no mundo", afirmou.

Contudo, disse que o governo do PT agiu certo na crise econômica. "Mas fomos perdendo o modelo, passamos a ser um país com vocação para terceiro-mundismo. Perder o rumo é grave porque vai condicionar os passos futuros do país."

As críticas mais duras do ex-presidente foram dirigidas aos escândalos que assolam a Petrobras.

Fernando Henrique disse que existem pessoas boas a más em todos os partidos, o problema é a visão, é subordinar a produção, a política e a vida cotidiana do país a isso, pois hoje tudo se subordina ao partido.

"E não estamos falando apenas em crescer o PIB, mas é crescer de maneira decente."

E continuou: "E por falar em matéria de decência, nem se fala. O que estamos assistindo é vergonhoso, os donos do poder são responsáveis quando a corrupção é sistêmica e no Brasil ela é sistêmica, não é possível o que está ocorrendo na Petrobras."

Ao falar do escândalo que envolve a estatal brasileira, o ex-presidente tucano disse que é impossível que os que estão no comando (do país) nunca tenham visto isso.

"Ou é incompetente ou conivente", disse, mas eximiu a presidente Dilma Rousseff (PT) de alguma participação neste imbróglio.

"Não acredito que ela esteja envolvida", emendou, mas disse que é preciso cobrar que tudo seja investigado e os responsáveis punidos. Nas críticas, FHC disse que está ocorrendo um verdadeiro assalto aos cofres públicos do país.

Eleições

Para reforçar que o cenário eleitoral pode mudar a qualquer momento, numa referência indireta ao seu correligionário Aécio Neves (PSDB), que perdeu o segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto com a entrada da ex-senadora Marina Silva como cabeça de chapa do PSB, após a morte de Eduardo Campos.

Fernando Henrique disse que nas eleições em que assumiu o país, em determinado momento da disputa, não acreditava que iria conseguir vencer o petista Luiz Inácio Lula da Silva. "Mas tive garra", disse.

Disse que eleição se ganha no dia. "Perdi a eleição para o Jânio Quadros (ex-prefeito de São Paulo) no dia", e brincou que perder aquela eleição foi bom porque depois virou presidente da República.

Aos empresários, FHC disse que é preciso pensar bem na hora do voto, porque é o futuro do país que está em jogo.

"Queremos um Brasil da confiança e da dignidade." Reiterou que continua acreditando muito no Brasil, porém, é preciso fazer as mudanças necessárias.

FHC ressaltou que apoia Aécio Neves porque ele pode unir toda essa nova energia, com confiança, e fazer as coisas que o país precisa. Falou que o correligionário tucano tem as melhores propostas.

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoCrise econômicaeconomia-brasileiraEleiçõesEleições 2014EscândalosFernando Henrique CardosoFraudesPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileiros

Mais de Economia

Aneel aciona bandeira verde e conta de luz deixará de ter cobrança extra em agosto

Governo prevê espaço extra de R$ 54,9 bi para gastos em 2025

BID faz acordo com Coreia do Sul e vai destinar US$ 300 milhões em financiamento para América Latina

Alckmin: reforma tributária vai ampliar investimentos e exportações

Mais na Exame