SUPERMERCADO: combinação de frete mais alto e dólar perto dos 4 reais deve levar a aumento no preço de produtos / Reinaldo Canato/ VEJA (Reinaldo Canato/VEJA)
EXAME Hoje
Publicado em 8 de junho de 2018 às 07h05.
Última atualização em 8 de junho de 2018 às 08h13.
O governo de Michel Temer tem nesta sexta-feira um novo episódio para mostrar que suas convicções não resistem a uma pressão. Em dois anos no cargo, o presidente já recuou de nomeações e demissões, de sua candidatura à reeleição e até da criação de reserva ambiental. Desta vez, o recuo foi na nova tabela do frete rodoviário, que entrou em vigor ontem mas foi revogada quatro horas depois por pressão de caminhoneiros.
Às Sete – um guia rápido para começar seu dia
Leia também estas outras notícias da seção Às Sete e comece o dia bem informado:
Em reunião com representantes da categoria, no início da noite, o ministro dos Transportes, Valter Casimiro, revogou a medida que reduzia, em média, 20% no preço médio em relação à tabela acordada para encerrar a greve do fim de maio. A reunião de hoje deve definir uma nova tabela, e tentar contentar caminhoneiros e produtores rurais.
O risco, para o consumidor, é que os fretes mais caros, aliados à disparada do dólar, tragam de volta um dos problemas econômicos que o governo havia conseguido enterrar: a inflação. Nesta quinta-feira, o dólar comercial teve alta de 2,25% e fechou cotado a 3,925. A alta acumulada desde o fim de janeiro chega a 23%, o que impulsiona preços de produtos como pão e carne de frango, que dependem de insumos cotados na moeda americana.
A volta da tabela do frete desejada pelos caminhoneiros também deve impulsionar os preços. O frete de arroz vai subir 50% e o de rações para aves e suínos pode ficar até 83% mais caro, segundo produtores. Para a Confederação Nacional da Indústria, a nova tabela de fretes é “insustentável”.
Se fica ao sabor das pressões no lado do frete, o governo ao menos age para tentar conter o câmbio. No início da noite de ontem o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou que venderá 20 bilhões de dólares até o final da próxima semana para conter o dólar e usará todos os recursos disponíveis caso a volatilidade cambial se agrave.
O problema, para o Brasil, é que o Planalto vem usando “todos os recursos disponíveis” para agrados direcionados, e não para o bem do país.