Governo "tentará também levar o país ao desenvolvimento e reduzir o déficit'', explicou em comunicado o Executivo (Francois Lenoir/Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2012 às 22h03.
Atenas - O novo governo de coalizão da Grécia foi constituído nesta quinta-feira com a promessa de recolocar o país no caminho do desenvolvimento, reduzir o déficit e renegociar com a União Europeia as duras medidas de austeridade que aprofundaram a recessão.
O governo ''tentará renegociar o plano de resgate sem pôr em risco a permanência do país na União Europeia e na zona do euro. Tentará também levar o país ao desenvolvimento e reduzir o déficit'', explicou em comunicado o Executivo após a reunião na qual foi firmado o programa de governo.
O pacto que permitiu a formação do novo Gabinete, após semanas de incertezas e duas eleições gerais, representa uma coalizão entre o partido conservador Nova Democracia (ND), o mais votado no domingo passado; os social-democratas do Pasok e o Esquerda Democrática (Dimar). As três legendas somam uma cômoda maioria de 179 cadeiras em um Parlamento de 300 deputados.
Na realidade, bastava o apoio do Pasok para que o Nova Democracia somasse a maioria precisa para governar, mas a entrada do Esquerda Democrática dá mais legitimidade, já que os dois grandes partidos que dirigiram a Grécia nos últimos 35 anos são responsabilizados pela atual crise.
O Governo ''não consistirá em campos de influências partidárias, operará com unidade e transparência segundo os acordos programáticos dos partidos e apoiará os membros da Administração segundo seus méritos'', prometeu o novo Executivo em sua declaração, em uma clara referência ao desejo de prevenir desavenças.
''Também será flexível com as diferenças que possam existir entre os indivíduos que compõem o governo para que isso não interfira no consenso necessário para a continuação de seu trabalho'', acrescenta a nota.
Treze ministros conservadores, cinco deles independentes e entre eles apenas uma mulher (a titular de Turismo, Olga Kefaloyanni), é a radiografia do novo Executivo grego.
Além dos ministros, há vários vice-ministros e outros altos cargos, por isso o número de membros do governo, incluindo o premiê Samaras, é de 40, oito a menos que a formação anterior, dirigida pelo ex-banqueiro Lucas Papademos.
Nem o Pasok nem o Dimar quiseram entrar no Executivo de forma direta, deixando que os conservadores assumam todo o desgaste na gestão da crise. Eles propuseram ministros com caráter técnico - um jurista assumirá a pasta de Justiça, e um armador será vice-ministro da Marinha Mercante.
O Ministério das Finanças - atualmente o mais importante dentro e fora do país - ficou a cargo de Vassilios Rapanos, que até agora presidia o maior banco da Grécia e a entidade bancária patronal. Essa nomeação despertou a ira da oposição de esquerda, já que a instituição dirigida por ele foi resgatada com uma elevada soma de dinheiro público.