Economia

Novo desafio para Putin: sustentar os bancos problemáticos

Após comunicado do SB Bank, um credor russo de médio porte, ficou claro que a o sistema financeiro do país está sob pressão e pode sofrer uma crise bancária


	O presidente russo, Vladimir Putin: cada vez mais clientes estão retirando o dinheiro e tendo dificuldades para pagar empréstimos
 (Maxim Zmeyev/Reuters)

O presidente russo, Vladimir Putin: cada vez mais clientes estão retirando o dinheiro e tendo dificuldades para pagar empréstimos (Maxim Zmeyev/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2015 às 21h41.

Moscou - A notícia foi divulgada em um comunicado sucinto na internet: outro banco russo estava em apuros.

A declaração feita em 26 de janeiro pelo SB Bank, um credor russo de médio porte, destacou a pressão que está se acumulando dentro do sistema financeiro do país. O SB congelou saques, a princípio por três dias, e depois pelo menos até 5 de fevereiro.

Chocada pelo colapso do petróleo e pela forte desvalorização do rublo, agora a Rússia está enfrentando uma potencial crise bancária.

Até o momento, a maioria dos prejuízos se restringiu a bancos menores, como o SB. No entanto, em todo o setor, cada vez mais clientes estão retirando o dinheiro e tendo dificuldades para pagar empréstimos.

As sanções impostas pelos EUA e pela União Europeia estão sufocando o financiamento externo, e as taxas de juros altas estão estrangulando o crescimento no país.

As autoridades russas já estão ajudando os credores com modificações contábeis e o fornecimento de fundos para alguns dos maiores bancos estatais. Os analistas preveem mais resgates para este ano à medida que as perdas aumentarem. O Alfa Bank estima que o déficit possa alcançar 2 trilhões de rublos (US$ 30 bilhões), um quarto do patrimônio dos bancos.

“É um tipo de câncer, e sabemos que os sintomas são causados pela Ucrânia, pelas sanções, pelo desabamento dos preços do petróleo e pela desaceleração econômica”, disse Oleg Kouzmin, economista-chefe da Renaissance Capital em Moscou e assessor do banco central do país de 2009 a 2013. “Só não sabemos se é um tipo tratável”.

Ano ruim

Os bancos acabam de deixar atrás um ano ruim e caminham para outro pior. O National Bank Trust, o 28° maior banco do país por ativos, foi resgatado em dezembro depois do equivalente a uma corrida bancária. Três importantes bancos estatais, o VTB Group, o OAO Gazprombank e o Russian Agricultural Bank, solicitaram financiamento do governo para reabastecer seu capital reduzido.

As dificuldades não cedem. No mês passado, a Agência de Seguros de Depósitos da Rússia aprovou uma lista de 27 bancos que seriam elegíveis para resgates estatais. Conforme sua política, a agência não identifica esses bancos para não gerar pânico entre os depositantes.

O OAO Sberbank, o maior banco da Rússia, disse que endurecerá suas restrições para saques com cartões de débito a partir de março.

Com tanto em jogo, o governo também está recorrendo a investidores privados para fornecer capital aos bancos. Dois bancos de médio porte, o UralSib Bank e o Credit Bank of Moscow, disseram no mês passado que tinham engrossado seu capital com empréstimos obtidos com os principais acionistas.

O Banco Central está tentando aliviar a pressão sobre os bancos, mas é possível que algumas políticas novas apenas ocultem os riscos. Nas seis últimas semanas, o banco central relaxou as normas contábeis e disse que utilizaria os ratings de crédito que os credores tinham antes da incursão da Rússia na Crimeia com fins regulatórios – decisão que, na prática, significa que os bancos serão avaliados como se a economia e o setor estivessem em melhor condição do que realmente estão.

Dificuldades

Os responsáveis pela política econômica têm tido dificuldades para reforçar o rublo e diminuir a inflação sem esmagar a economia. O Banco Central inverteu inesperadamente o rumo da sua política econômica e reduziu sua principal taxa de juros de 17 por cento para 15 por cento em 30 de janeiro, uma medida que o VTB, por sua vez, descreveu como “um passo na direção certa”.

Não obstante, o Banco Central não pode enfrentar problemas econômicos causados pela indignação internacional diante do conflito na Ucrânia, disse Arturo Bris, professor de Finanças da faculdade de administração IMD em Lausanne, Suíça. Os responsáveis pela política econômica poderiam elevar as taxas, para ajudar a moeda e preservar o poder aquisitivo dos russos, ou reduzi-las, para ajudar os bancos. Nenhuma das duas opções parece estar funcionando, disse ele.

“A solução para esta crise financeira é política”, disse Bris. “Nenhuma política monetária pode resolver a situação. A única solução é reestabelecer o equilíbrio geopolítico”.

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