Economia

Novo ajuste põe em risco a recuperação econômica na Espanha

Segundo analistas, o ajuste de 65 bilhões de euros deverá ajudar a reduzir o déficit público do país, mas pode prolongar a recessão até 2014

O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy: ao anunciar o ajuste, Rajoy admitiu que a economia se contrairá cerca de 2% este ano (Javier Soriano/AFP)

O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy: ao anunciar o ajuste, Rajoy admitiu que a economia se contrairá cerca de 2% este ano (Javier Soriano/AFP)

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Da Redação

Publicado em 12 de julho de 2012 às 14h05.

Madri - O novo ajuste de 65 bilhões de euros anunciado pela Espanha na quarta-feira deverá de fato ajudar a reduzir seu déficit público, mas pode gerar ao mesmo tempo um prolongamento da recessão para até 2014, alertam analistas de mercado.

Após conseguir que Bruxelas prorrogasse o prazo para cumprir com o objetivo de redução do déficit, o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, anunciou na quarta-feira mais um pacote de medidas de austeridade, conforme pedido pela União Europeia (UE).

Entre estas medidas está a alta do IVA, de 18 para 21%, uma redução do seguro-desemprego, a queda do salário de funcionários públicos e a eliminação da dedução por moradias.

Ao anunciar estas medidas, Rajoy disse que a economia se contrairá cerca de 2% este ano e reconheceu que a maioria dos analistas aponta que a recessão continuará em 2013.

O economista Edward Hugh, de Barcelona, crê que estas medidas ajudarão a Espanha a cumprir com novos objetivos, agora menos exigentes, de redução do déficit, que deverá passar de 8,9% em 2011 para 6,3% este ano, 4,5% em 2013 e 2,8% em 2014.

"Contudo, estas medidas agravarão a recessão espanhola este ano, garantindo provavelmente um crescimento negativo no ano que vem", diz Hugh.

O economista não descarta que as novas medidas levem a uma continuidade da recessão para até 2014, prevendo uma contração da economia de 2% este ano, de 1% em 2013 e de 0,3% em 2014.

"Contudo, a Espanha poderá ser enormemente beneficiada pelo plano de ajuda da Eurozona para injetar capital diretamente aos bancos mais frágeis dos 17 países do euro e com a possível compra de bônus das economias com mais problemas do grupo", afirmou.


Para Hugh, a boa notícia é a recapitalização dos bancos, que é um marco na crise da dívida europeia por ser a primeira vez que se poderá compartilhar a dívida.

Segundo o porta-voz do Fundo Monetário Internacional (FMI), Gerry Rice, as novas medidas de ajuste anunciadas pelo governo da Espanha são difíceis, mas são passos na direção correta, sendo esta a mesma opinião dos economistas da Citi Research.

No Memorando de Entendimento (MoU, na sigla em inglês) firmado com Bruxelas em troca de uma ajuda aos bancos espanhóis de até 100 bilhões de euros, a Espanha acordou que os bancos e seus acionistas assumiriam as perdas antes que o Estado lhes conceda ajuda.

Contudo, ainda há dúvidas quanto a eficácia das medidas para que o governo espanhol volte a pagar taxas normais por sua dívida, dizem especialistas.

De acordo com relatório do Citi Research, as medidas de ajuste confirmam as previsões de que a recessão espanhola se agravará este ano e continuará em 2013.

"As metas de déficit para este ano ficaram mais realistas para o Citi Research, mas as metas para 2013 ainda nos parecem muito ambiciosas", dizem os analistas.

A corretora espanhola Renta 4 ressaltou a importância da reunião desta quinta-feira entre o governo central e os 17 governos regionais, que contam têm dificuldades para financiarem-se nos mercados.

O mercado espera que o Executivo aceite a criação dos "hispanobônus", um fundo comum de dívida garantido por Madri em troca de uma maior vigilância de seus gastos.

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