Economia

Novas propostas de ajuste têm efeito mais imediato, diz Meirelles

O ministro disse que o país pode esperar para aprovar a reforma enquanto durar a intervenção federal no Rio de Janeiro

Meirelles: "A reação do mercado foi positiva, no sentido que os preços não se alteraram no dia em que foi anunciada a intervenção" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Meirelles: "A reação do mercado foi positiva, no sentido que os preços não se alteraram no dia em que foi anunciada a intervenção" (Ueslei Marcelino/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 21h44.

As 15 medidas microeconômicas e de ajuste fiscal que pretendem aumentar a produtividade serão mais eficazes, no curto prazo, que a reforma da Previdência para elevar o crescimento do país e melhorar as contas públicas, disse hoje (19) o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Ele confirmou que a mudança no regime de aposentadorias e pensões é a principal medida necessária para destravar a economia, mas disse que o país pode esperar para aprovar a reforma enquanto durar a intervenção federal no Rio de Janeiro.

"Em primeiro lugar, é importante dizer que a reforma da Previdência não é algo para fazer efeito no curto prazo. Ela faz efeito ao longo dos anos e é fundamental para a estabilidade do país no futuro.

O efeito imediato é de várias medidas fiscais que podem ter efeito para 2018 maior que o da Previdência.

A Previdência é a proposta mais fundamental, mas tem efeito cumulativo. Essas medidas [de ajuste fiscal e de aumento da produtividade] equacionam solução de curto prazo do Brasil", explicou Meirelles.

De acordo com o ministro da Fazenda, o fato de o adiamento da votação da reforma da Previdência não ter provocado turbulências no mercado financeiro mostrou que os investidores entenderam a urgência da intervenção federal no Rio de Janeiro.

"A reação do mercado foi positiva, no sentido que os preços não se alteraram no dia em que foi anunciada a intervenção no Rio de Janeiro. Houve um entendimento claro na necessidade da intervenção", acrescentou.

Recursos para o Rio

O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, ressaltou que, por enquanto, não estão previstos aporte de recursos para o estado do Rio de Janeiro em decorrência da intervenção.

Ele disse que os valores não estão definidos, mas que eventuais remanejamentos devem ser pequenos, apenas para cobrir despesas necessárias para a mobilização de pessoal.

"Não há a previsão, no momento, de projeto de lei nem de aporte de recursos decorrente de processo de intervenção. O processo está na fase administrativa, de indicar os gestores que serão responsáveis pela segurança pública no Rio. Há sim, uma questão que vinha sendo tratada, que é a reestruturação fiscal do estado, onde há previsão de recursos que vinham sendo divulgados", declarou Oliveira.

Segundo Meirelles, o estado do Rio de Janeiro já recebeu o primeiro empréstimo de antecipação de receitas decorrente do programa de recuperação fiscal.

Além disso, existe um segundo empréstimo em andamento. Em troca desses empréstimos, o estado teve de privatizar a companhia estadual de saneamento básico e introduzir um programa de ajuste fiscal, com alta de impostos locais e corte de gastos.

Nova pauta

Sem poder votar a reforma da Previdência por causa da intervenção federal no Rio de Janeiro, o governo redefiniu as pautas prioritárias de votação no Congresso para este ano. Ao todo, o Palácio do Planalto listou 15 propostas que passarão a ter consideradas prioritárias pelo Poder Executivo.

Entre os temas, estão as medidas de ajuste fiscal, como adiamento dos reajustes salariais de servidores, aumento da contribuição previdenciária do funcionalismo e reversão da desoneração da folha de pagamento, cuja tramitação estava parada desde o fim do ano passado. O governo também pretende acelerar medidas de aumento da produtividade, como a regulamentação da duplicata eletrônica, do destrato nos contratos imobiliário, a ampliação dos cadastros positivo (lista de bons pagadores) e a criação dos depósitos voluntários no Banco Central (BC).

Além disso, a equipe econômica prometeu acelerar a elaboração das propostas que simplificam o Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e ampliam a autonomia do Banco Central.

Também estão previstas a reformulação da Lei Geral de Telecomunicações, que tramita no Senado, a urgência no projeto de lei da privatização da Eletrobras e a reformulação nas leis de finanças públicas e de licitações.

Acompanhe tudo sobre:Ajuste fiscalGoverno TemerHenrique MeirellesMinistério da FazendaReforma da Previdência

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor