Economia

Nova York ou Londres: onde será a capital do bitcoin?

Moeda virtual começa a caminhar para o mainstream com proposta pioneira de regulação em Nova York e um estudo encomendado pelo Reino Unido


	Moeda representando a ilustração de um Bitcoin, moeda virtual mais famosa em operação
 (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

Moeda representando a ilustração de um Bitcoin, moeda virtual mais famosa em operação (Tomohiro Ohsumi/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 20 de agosto de 2014 às 15h09.

São Paulo - Nova York passou Londres recentemente como melhor centro financeiro do planeta, mas a disputa pelo título vai depender a partir de agora de um tema polêmico: o bitcoin.

Fora do controle de qualquer banco central e muito associada com transações ilegais, a moeda virtual criada em 2009 caminha a passos largos em direção ao mainstream.

No começo de julho, a autoridade bancária europeia lançou propostas para regulamentar esse tipo de moeda, ainda que desencorajando os bancos a lidarem com elas, pelo menos por enquanto.

Poucas semanas depois, o Departamento de Serviços Financeiros do estado de Nova York se tornou o primeiro dos Estados Unidos a propor regulações para o uso de moedas virtuais. 

Já em agosto, foi a vez do Departamento do Tesouro britânico anunciar que vai lançar nos próximos meses um relatório explorando as ameaças e potenciais de moedas como o bitcoin e se - e como - elas podem ser reguladas.

George Osborne, dono do cargo equivalente ao de ministro da Economia, disse que "o setor financeiro do Reino Unido só continuará satisfazendo as necessidades diversas de negócios e consumidores aqui e ao redor do mundo se aproveitar as inovações".

Divergências

As novas regras em Nova York foram abertas para comentários de líderes do mundo do bitcoin, um mudança notável considerando que o chefe da agência, Benjamin Lawsky, tem um histórico de dureza com o setor, na mesma linha da Receita Federal (o IRS) e o Departamento de Tesouro.

Ele diz agora que "moedas virtuais são muito promissoras" e que "o bitcoin oferece muitas vantagens e novos usos muito interessantes". 

As regras propostas incluem a exigência de uma reserva proporcional ao que é devido e um sistema próprio de licenças - a BitLicense -com registro de todos os clientes.

O fim do anonimato é só um dos dilemas que os entusiastas do bitcoin, em grande parte atraídos pelo potencial libertário da moeda, vão ter de enfrentar na transição do submundo da internet para papéis mais legítimos no mundo corporativo.

Uma maior regulação é celebrada por gente como os gêmeos Winklevoss, magnatas do bitcoin popularizados no filme "A Rede Social" e que buscam aprovação para lançar um fundo de índice baseado na moeda.

Sean Neville, co-fundador da Circle, empresa de finanças focada em bitcoin, critica a proposta como exagerada, vaga e anti-inovação. A Bitcoin Foundation e outros pediram um tempo mais longo para o processo de consulta.

Economistas e empresários estão longe de um consenso sobre a moeda. Warren Buffett acha que ela é uma "miragem" e recomenda que investidores mantenham distância. Marc Andresseen, fundador da Netscape, acha que ela é a maior inovação desde a internet.

Alan Greenspan, ex-presidente do Fed, acredita que a volatilidade violenta do valor do bitcoin prova que ele é uma bolha especulativa. Robert Shiller, vencedor do Nobel, concorda, mas vê potencial para o uso de moedas virtuais como unidade de medida.

Acompanhe tudo sobre:BitcoinEuropaLondresMetrópoles globaisMoedasNova YorkReino Unido

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor