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Da Redação
Publicado em 19 de março de 2013 às 13h15.
Brasília - A decisão da ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender a nova divisão das receitas do petróleo - royalties e participação especial - reacendeu o debate na Câmara a respeito da interferência do Judiciário sobre o Legislativo e levantou novamente a indisposição entre os dois Poderes.
O líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), defendeu, durante reunião dos líderes da base na manhã desta terça-feira, um posicionamento público do Congresso a respeito de o Supremo anular, mesmo que provisoriamente, o resultado de uma posição majoritária do Legislativo.
Na oposição, o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), anunciou que, caso o plenário do Supremo não mude a posição de caráter provisório da ministra Cármen Lúcia, apresentará uma proposta de emenda constitucional para garantir a mudança na distribuição dos royalties de maneira mais equilibrada entre todos os Estados.
"O que pretendemos é que uma emenda constitucional redefina a interpretação sobre os royalties para que não paire dúvidas", disse Caiado.
O líder do DEM afirmou, no entanto, que o primeiro passo é esperar que a decisão da ministra seja reformulada pelos demais ministros do Supremo. "Não vamos suprimir etapas. Se não houver a reformulação da decisão, temos de conciliar a decisão política (do Congresso) à Constituição com uma emenda para redefinir o que sejam os royalties e a maneira de redistribuição", disse Caiado.
Independentemente de partidos governistas e de oposição, a questão dos royalties mobiliza as bancadas dos 26 Estados e do Distrito Federal. De um lado, os Estados considerados produtores e beneficiados com a situação atual, Rio de Janeiro e Espírito Santo, apoiados por São Paulo, e, por outro lado, os demais Estados.
"É preciso deixar claro para o País a posição da Câmara. Se a Casa não se impõe, fica diminuída", afirmou o líder petista. Ele lembrou que os parlamentares aprovaram por ampla maioria a mudança na distribuição dos royalties.
O projeto aprovado pelos deputados e senadores com a nova distribuição dos recursos do petróleo foi vetado parcialmente pela presidente Dilma Rousseff. No entanto, no dia 6 de março, os parlamentares, por ampla maioria (354 deputados e 54 senadores), derrubaram o veto, restituindo o projeto original. Os governadores do Rio, Espírito Santo e São Paulo recorreram ao Supremo, conseguindo a liminar da ministra Cármen Lúcia.
"Fica todo mundo tonto e isso é péssimo para a Câmara. A Casa tem de se manifestar politicamente. A Casa tomou uma posição e o Supremo a anulou. Qual é o nosso papel nisso?", questionou José Guimarães.
O líder petista afirmou não ser o caso de criticar a ministra Cármen Lúcia, mas a permanente judicialização. "Todo mundo que perde vai ao Supremo. O Parlamento não serve para nada?", afirmou. "Há um mal estar por essa inoperância política", completou o líder petista.