Indústria: a economia está praticamente estagnada (Oliver Bunic-Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 12 de julho de 2014 às 14h33.
São Paulo - A economia brasileira deve crescer menos de 1% este ano. Se as projeções se confirmarem será a menor taxa de expansão do Produto Interno Bruto (PIB) desde 2009, quando a economia teve retração de 0,3% por causa da crise financeira internacional.
Ontem, o Departamento Econômico do Itaú Unibanco reduziu de 1% para 0,7% a projeção de avanço do PIB para este ano. A consultoria GO Associados também revisou de 1,5% para 0,5% a estimativa de crescimento do PIB.
O Departamento Econômico do Bradesco vai anunciar na próxima semana a nova estimativa de crescimento, em torno de 1% para este ano, ante projeção 1,5%. Faz um mês que a consultoria MB Associados considera um crescimento de 0,9% para 2014.
Com o número crescente de revisões do PIB, provavelmente a mediana das projeções do mercado captada pelo Boletim Focus do BC, que será divulgada na segunda-feira, deve ficar abaixo de 1%. Nesta semana, a mediana das projeções de alta do PIB estava em 1,07%.
Fábio Silveira, diretor de pesquisas da consultoria GO Associados, reduziu ontem de 1,5% para 0,5% a projeção de crescimento do PIB para este ano, fundamentalmente por causa da fraco desempenho da indústria. "A indústria teve um 2º trimestre muito ruim", diz ele, que prevê retração de 0,7% na produção industrial de 2014.
"Revisamos tudo", afirma Caio Megale, economista do Itaú Unibanco. O corte na projeção do ano ocorreu porque houve revisões para baixo nas estimativas trimestrais do PIB.
O crescimento do 2º trimestre, inicialmente projetado em 0,2% na comparação com o trimestre anterior, virou uma queda de 0,2% e, agora, retração de 0,3%. "Essa foi a primeira mudança, pois vimos fundamentalmente uma queda na produção industrial. Para junho projetamos recuo de 2,5% na indústria."
Estoques
O economista explica que parte da retração se deve ao menor número de dias úteis na indústria por causa da Copa. Outra parte decorre dos fundamentos econômicos, que sinalizam uma atividade mais fraca, com juros em alta, estoques elevados na indústria e no comércio e confiança em baixa. "Tudo isso afeta o nível de produção."
Na análise de Megale, o segundo semestre começa mais fraco do que o inicialmente previsto. Para o 3º e o 4º trimestre, o Itaú Unibanco cortou a projeção de crescimento que era de 0,5% e 0,4%, respectivamente, para 0,3% para os dois trimestres.
Já o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, diz que a forte queda na atividade nos últimos meses não deve se repetir no segundo semestre. De toda forma, ele projeta crescimento de 0,9% para o PIB do ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.