Economia

Espanha diante de um mercado impaciente e de pressões

O país conseguiu vender obrigações a dez anos em uma emissão considerada como o barômetro da confiança dos investidores, a uma taxa média de 5,666%

Mariano Rajoy se reúne com o presidente da região da Catalunha em Madri: ao mesmo tempo, o presidente regional catalão, Artur Mas, teve negado seu projeto orçamentário (©AFP / Dominique Faget)

Mariano Rajoy se reúne com o presidente da região da Catalunha em Madri: ao mesmo tempo, o presidente regional catalão, Artur Mas, teve negado seu projeto orçamentário (©AFP / Dominique Faget)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2012 às 16h32.

Madri - A Espanha aproveitou nesta quinta-feira um certo relaxamento nos mercados para captar cerca de 5 bilhões de euros, mas a pressão para que país peça ajuda continua, dizem especialistas, que também alertam para a crítica situação das regiões, principalmente a da Catalunha.

O país conseguiu vender obrigações a dez anos em uma emissão considerada como o barômetro da confiança dos investidores, a uma taxa média de 5,666%, longe dos 6,647% concedidos dia 2 de agosto.

Ao mesmo tempo, o presidente regional catalão, Artur Mas, teve negado seu projeto orçamentário, que daria à região o direito de arrecadar ela mesma os impostos, em reunião com o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy.

Artur Mas considerou que o chefe do governo espanhol perdeu "uma oportunidade histórica".

A reunião, no entanto, foi realizada em um contexto de tensões crescentes entre o Estado central e uma parte de suas 17 regiões autônomas, o que pode voltar a preocupar os mercados.

Por hora, estes últimos parecem tranquilos, depois que o Banco Central Europeu (BCE) anunciou recentemente um programa de compra de dívida para apoiar aos países mais frágeis da Zona Euro, como Espanha e Itália.

O Tesouro aproveitou para captar 4,799 bilhões de euros em títulos da dívida a três e dez anos, mais do que os 4,5 bilhões previstos inicialmente, o que permitiu o fechamento de 82,1% de seu programa anual, segundo o Ministério de Economia.


Contudo, esta calma poderá durar pouco, dizem os especialistas, caso o país, quarta economia da Zona Euro, não peça logo a ajuda global, deixando de se restringir à ajuda de 100 bilhões de euros ao setor financeiro, fragilizado desde o estouro da bolha imobiliária em 2008.

O executivo espanhol, no entanto, afirma não ter tomado ainda uma decisão a respeito, temendo pelas estritas condições que tal pedido poderia gerar ao país.

"Os investidores continuam à espera para conhecer as intenções sobre o pedido de um possível resgate 'light'", apontam os analistas da Link Securities.

Para Simon Furlong, de Spreadex, o êxito da emissão de hoje deu um pouco mais de tempo a Rajoy, mas juros de 5,666% continuam sendo muito elevados. "Enquanto a Espanha não pagar taxas mais baixas, o resgate é inevitável", disse.

De acordo com Nick Stamenkovic, analista de RIA Capital Markets, o pedido deve ser feito até a reunião europeia de 18 e 19 de outubro.

Segundo os especialistas, os problemas vindos das regiões espanholas tendem apenas a piorar a situação, sendo que nas últimas semanas, os pedidos de ajuda ao Estado central aumentaram.

Apenas a Catalunha pediu 5 bilhões de euros, seguida por Valência, que necessita de 4,500 bilhões, enquanto que Andaluzia já pediu um adiantamento de 1 bilhão de euros e poderá depois pedir 2,4 bilhões de euros, diz a Natixis.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaEspanhaEuropaPiigs

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor