Detalhe de nota de Krone, da Dinamarca (Banknote World)
João Pedro Caleiro
Publicado em 11 de maio de 2015 às 16h34.
São Paulo - A Dinamarca começou a se movimentar em direção a um futuro sem dinheiro vivo.
Na semana passada, o governo do país revelou uma série de propostas com o objetivo de reduzir custos, aumentar a produtividade e estimular a economia a partir do início de 2016.
Entre elas, está o fim da exigência de que estabelecimentos como lojas do varejo, postos de gasolina e restaurantes aceitem dinheiro físico como pagamento. Serviços como correios, médicos e supermercados não entram na lista.
"O pagamento em cash envolve custos administrativos e financeiros consideráveis", diz o ministro de Finanças do país, Bjarne Corydon, de acordo com o Quartz. Entre estes custos, estão o tempo e a segurança necessários para manejar o dinheiro.
Pesquisadores da Fletcher School calculam que os Estados Unidos economizariam US$ 200 bilhões por ano se deixassem de usar cédulas e moedas. Outro estudo, da McKinsey, calcula que o uso de dinheiro vivo chega a comer até 1% do PIB em países como a Rússia.
A resistência aos pagamentos eletrônicos não deve ser grande nos países nórdicos, grandes entusiastas de meios alternativos. O Danske Bank diz que 2 milhões dos 5,6 milhões de dinamarqueses já usam seu sistema de pagamento mobile.
O Banco Central da Dinamarca já não imprime novas notas e moedas desde o ano passado e praticamente todos os cidadãos adultos tem hoje pelo menos um cartão de débito.
A participação de cheques ou dinheiro nas compras do varejo caiu de 80% para cerca de 25% nos últimos 20 anos, de acordo com o Conselho de Pagamento do país.
Além do pagamento eletrônico, outra tendência atual é a de surgimento de moedas virtuais. O bitcoin é a mais popular, mas não é a única: uma empresa americana está prestes a lançar a "HayekCoin", com lastro em ouro.
Robert Shiller, vencedor do Nobel, já sugeriu que as moedas virtuais podem ser úteis, mas só como unidade de medida cambial. Economistas como Willem Buiter, do Citi, vão mais longe e dizem que o fim do dinheiro vivo poderia resolver a crise econômica.