Economia

Com fim do subsídio da energia, inflação pode ir a 7%

A projeção ficou meio ponto porcentual acima do teto da meta do IPCA


	Conta de luz: a conta deve subir 31,2% em 2015
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Conta de luz: a conta deve subir 31,2% em 2015 (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 14 de janeiro de 2015 às 07h56.

São Paulo - A decisão do governo de acabar com subsídio do Tesouro para energia elétrica pode elevar a inflação ao consumidor, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), para 7% em 2015, meio ponto porcentual acima do teto da meta, segundo a LCA Consultores.

"A nossa projeção é conservadora", afirma o economista da consultoria, Fabio Romão. Como esse custo adicional depende de as distribuidoras reivindicarem o reajuste e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por sua vez, autorizá-lo, o economista considerou nos cálculos da projeção de inflação um repasse para a tarifa de energia que não será mais coberto pelo governo de R$ 4,5 bilhões.

É a metade do aporte de R$ 9 bilhões inicialmente previsto para o fundo setorial Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que foi suspenso.

A projeção do IPCA deste ano foi revisada na terça-feira, 13, por causa do fim do subsídio. O reajuste de energia elétrica inicialmente projetado para este ano era de 26,7% para uma IPCA de 6,8%.

Agora, a conta de luz a deve subir 31,2% em 2015 e a inflação pode atingir 7%. Nessa projeção do IPCA estão incluídas a volta da Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre a gasolina e o reajuste de ônibus urbano.

A Tendências é outra consultoria que aumentou ontem a projeção de inflação para 2015, de 6,4% para 6,8%, por causa do reajuste da energia. Segundo Adriana Molinari, economista da consultoria, inicialmente a previsão era de um reajuste da energia elétrica para este ano de 18,5%.

"Agora, com as bandeiras tarifárias e o aumento da energia de Itaipu de 46%, a alta prevista para este ano deve ser 24,4%", diz. Nesse cálculo, a economista não considerou diretamente o fim do subsídio do governo à conta de luz.

Reajuste das tarifas de ônibus da ordem de 12% (antes, era 8,8%) e o aumento do preço do cigarro de 8,5% influenciaram a revisão para cima da projeção do IPCA para este ano. Mas o fator preponderante na mudança foi o aumento da energia elétrica.

Da inflação de 6,8% esperada para este ano, 0,72 ponto porcentual virá do aumento da tarifa de energia elétrica, explica Adriana. Se for acrescentada nessa conta o reajuste da passagem de ônibus urbano e a alta da gasolina por causa da volta da Cide, esses reajustes responderão por 1,5 ponto porcentual do IPCA de 2015.

"O reajuste da energia elétrica deve ser o grande vilão da inflação este ano", prevê o economista da Rosenberg Consultores Associados Leonardo França Costa. Ele projeta que a inflação deste ano fique em 6,5% e que a energia elétrica responda por 0,8 ponto porcentual, considerando um reajuste anual de 26,5% da eletricidade.

Ele ressalta que a energia elétrica responde por 2,95% do IPCA e é o sétimo maior item em peso, superando até mesmo as carnes, que têm importância fundamental no custo de vida do brasileiro, com 2,78% de participação.

Alívio

Apesar da forte pressão de alta dos preços no IPCA deste ano, Adriana, da Tendências, lembra que podem ocorrer pressões em sentido contrário que atenuem esses aumentos.

Um fator, segundo a economista, que pode mudar as projeções é o preço do petróleo em queda no mercado internacional. Se a Petrobrás decidir repassar esse recuo para o preço da gasolina, o aumento previsto por conta da volta da Cide pode trazer um alívio para a inflação.

"Mas, por enquanto, a expectativa é que a Petrobrás não repasse a queda do petróleo para o preço da gasolina porque a empresa precisa fazer caixa", prevê. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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