Economia

Bancos gregos são castigados após decisão do BCE

Decisão do BCE de cancelar a aceitação dos bônus da Grécia em troca de financiamento passa o fardo de financiar bancos gregos para o banco central do país


	Decisão do BCE de cancelar a aceitação dos bônus da Grécia em troca de financiamento passa o fardo de financiar bancos gregos para o banco central do país
 (Reuters/ Francois Lenoir)

Decisão do BCE de cancelar a aceitação dos bônus da Grécia em troca de financiamento passa o fardo de financiar bancos gregos para o banco central do país (Reuters/ Francois Lenoir)

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Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2015 às 08h50.

Atenas/Frankfurt - Os custos de empréstimo para Grécia saltaram e as ações bancárias despencavam nesta quinta-feira depois que o Banco Central Europeu (BCE) abruptamente cortou seu financiamento para o setor financeiro do país, no que Atenas classificou como um ato de coerção.

A decisão do BCE de cancelar a aceitação dos bônus da Grécia em troca de financiamento passa o fardo de financiar bancos gregos para o banco central do país, e marca ainda mais um revés para a tentativa do governo de negociar novo acordo sobre a dívida com colegas da zona do euro.

A bolsa de valores de Atenas despencou 22,6 por cento na abertura antes de ter um pouco de recuperação. Os custos de empréstimos do governo para três anos subiram mais de 3 pontos percentuais, para quase 20 por cento, deixando a Grécia completamente fora dos mercados.

"A Grécia não quer chantagear ninguém, mas também não será chantageada", disse uma autoridade do governo grego em comunicado. "A decisão do BCE... é um ato de pressão política para que um acordo seja alcançado rapidamente". Os bancos gregos receberam aprovação para, se necessário, captar 10 bilhões de euros adicionais em financiamento emergencial além do teto existente, disse a autoridade.

O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, e seu ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, passaram a semana em visita por capitais europeias buscando construir apoio para renegociar a dívida e afrouxar as medidas de austeridade sob o programa de resgate do país, que ambos dizem não ter interesse de estender para além do fim de fevereiro.

Eles encontraram pouco ou nenhum apoio em Paris, Roma, Frankfurt e Bruxelas e, nesta quinta-feira, Varoufakis se encontrará com o alemão Wolfgang Schaeuble, o ministro das Finanças mais linha dura da zona do euro.

O vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, disse que Atenas deve estender seu programa de resgate para ganhar tempo para negociar um programa de prazo mais longo.

"Na avaliação da Comissão Europeia, o caminho mais realista é... estender a duração do programa por mais alguns meses ou um semestre", disse Dombrovskis no Reuters Euro Zone Summit.

Varoufakis não deve conseguir qualquer concessão de Schaeuble, e a decisão do BCE surgiu apenas horas após ele sair de uma reunião com o presidente Mario Draghi e anunciar que o BCE faria "o que fosse necessário" para apoiar a Grécia.

Um documento preparado pela Alemanha para a reunião de autoridades financeiras da UE, obtido pela Reuters, deixa claro que Berlim quer que Atenas volte atrás nas promessas de elevar o salário mínimo, interromper as privatizações, recontratar funcionários públicos e reimplantar um bônus de Natal para pensionistas pobres. "O objetivo é a perpetuação da agenda de reforma acertada (sem voltar atrás em medidas), cobrindo áreas importantes como administração de receitas, taxação, administração financeira pública, privatização, administração pública, saúde, pensões, assistência social, educação e a luta contra corrupção", trouxe o documento.

Os novos líderes gregos tiveram uma recepção fria mesmo em países com tendências à esquerda como a França e a Itália, que Atenas esperava que iriam apoiar seu argumento para um alívio da dívida.

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