Economia

Nenhum governante vai minimizar perda de vidas, diz Maia sobre Bolsonaro

Questionado sobre mortes por coronavírus no Brasil, o presidente respondeu: "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Sou Messias, mas não faço milagre"

Rodrigo Maia: presidente da Câmara dos deputado comentou fala de Jair Bolsonaro sobre coronavírus (Tânia Rego/Agência Brasil)

Rodrigo Maia: presidente da Câmara dos deputado comentou fala de Jair Bolsonaro sobre coronavírus (Tânia Rego/Agência Brasil)

BC

Beatriz Correia

Publicado em 29 de abril de 2020 às 16h20.

Ao ser questionado sobre a resposta de Jair Bolsonaro à escalada de vítimas da covid-19 no Brasil, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), evitou criar polêmicas.

"É claro que uma frase mal colocada acaba gerando algum tipo de polêmica. Mas eu não tenho dúvida que nenhum governante, de forma nenhuma vai minimizar ou tratar com desdém a perda de vida de brasileiros, em nenhum caso e, principalmente, nessa crise do coronavírus", disse nesta quarta-feira, 29.

Bolsonaro afirmou na terça-feira, 28, que lamenta, mas não tem o que fazer em relação ao recorde de mortes no Brasil, que ultrapassou a China no número total de óbitos pelo novo coronavírus. "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre", disse Bolsonaro, em referência a seu segundo nome.

Maia sugeriu ainda que a Câmara dos Deputados faça um grande debate sobre as questões relacionadas ao coronavírus, principalmente, sobre isolamento, em uma sessão virtual. "O Parlamento é um ambiente de debate. Trazendo cientistas, secretários, prefeitos, governadores", disse.

Auxílio

A Câmara deve debater na próxima semana a medida provisória 936, que permite a redução de jornada e salário e também a suspensão de contratos. Segundo Maia, o principal debate sobre o texto enviado pelo governo é ampliação da compensação paga pelo governo, para quem teve o salário reduzido durante a crise da covid-19.

Uma das ideias é que o trabalhador que ganha até três salários mínimos (R$ 3.135) continue recebendo o valor integral, juntando a parcela paga pela empresa mais a complementação do governo, como antecipou o Broadcast Político.

O texto já está em vigor desde o início de abril, mas precisa ser aprovado por deputados e senadores para não perder a validade. Maia disse que deve indicar o relator da medida ainda hoje. Um dos principais nomes cotados para a função é o do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

"Vou indicar o relator hoje, vamos começar a trabalhar para votar na semana que vem", disse Maia. "O governo fez um corte bom, até R$ 1,8 mil. A partir daí, há desproteção muito grande. O grande debate aqui na Câmara é como conseguir ampliar a proteção para aqueles que ganham até três salários mínimos. Daria impacto na ordem de R$ 10 bilhões. O governo foi bem até certo valor".

Socorro a estados

O deputado demonstrou mais uma vez preocupação com a situação dos Estados. Ele quer agilidade na aprovação do projeto de socorro aos governos estaduais, que está no Senado.

"Preciso aguardar para dar uma opinião para a construção que faz o presidente (do Senado) Davi Alcolumbre (DEM-AP)", disse Maia. "Vamos vendo que a situação é dramática, a necessidade de ampliar gastos é fundamental."

Para ele, a questão de congelamento de salários de servidores públicos nesse momento é algo mais simbólico. "A situação vai ser mais grave do que a gente discutir congelamento. Não estou dizendo que tem de ser feito agora. Você pode fazer esse debate na reforma administrativa, por exemplo", afirmou.

"A gente vai ter de tomar muito cuidado porque o período pós-crise vai gerar necessidade de repactuação. Vai ser mais importante a melhoria da qualidade do gasto público", disse Maia. "Acho que é mais simbólico do que real, porque se alguém for dar aumento agora, é um prefeito ou governador que a própria sociedade vai questionar", comentou.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusJair BolsonaroRodrigo Maia

Mais de Economia

Tesouro adia para 15 de janeiro resultado das contas de novembro

Câmara apresenta justificativa sobre emendas e reitera que Câmara seguiu pareceres do governo

Análise: Inflação preocupa e mercado já espera IPCA de 5% em 2025

Salário mínimo 2025: por que o valor será menor com a mudança de regra