Enfeites de Natal: instituições de caridade favoritas dos ricos estão ganhando participação na economia filantrópica, diz especialista (Stock.xchng/Uros Kotnik)
Da Redação
Publicado em 24 de dezembro de 2014 às 13h45.
Washington - É a sua universidade que está chamando. Este é apenas um lembrete amistoso para que você não se esqueça de nos colocar na sua lista de presentes de Natal. Neste ano, tente ser mais como Fred Eshelman.
O magnata do setor farmacêutico e aluno da turma de 1972 da Universidade da Carolina do Norte-Chapel Hill prometeu US$ 100 milhões neste mês para a instituição, conhecida como Tar Heels, maior doação individual dos 225 anos de história da universidade.
Esse é o espírito de generosidade que está recolocando as doações filantrópicas nos EUA em um patamar mais próximo ao de antes da recessão. As doações subiram 3 por cento no ano passado, para US$ 335,2 bilhões após ajuste pela inflação, pouco abaixo do recorde, com quase todo o aumento oriundo de indivíduos, casais e heranças, segundo os dados mais recentes da Giving USA Foundation, com sede em Chicago.
Apenas um motivo para preocupação: os ganhos foram desiguais, direcionados para os grupos favoritos das famílias de renda mais alta que mais se beneficiaram com a recuperação das ações e da habitação. Grupos ligados ao Ensino Superior, à pesquisa médica e a instituições culturais têm mais dinheiro, enquanto o crescimento para outros, como o Exército da Salvação e a United Way, que dependem de doações individuais menores, estão ficando para trás.
“As instituições de caridade favoritas dos ricos estão ganhando participação na economia filantrópica”, uma tendência que é um sintoma da desigualdade de riqueza, disse Rob Reich, professor associado de Ciência Política da Universidade de Stanford, na Califórnia. “O montante total de dinheiro entregue pelos mais ricos está subindo, e não por eles estarem entregando uma fatia maior de sua renda”, disse ele, mas porque “sua renda total e riqueza em si aumentaram”.
As doações, como porcentagem do PIB americano, mantiveram-se próximas dos 2 por cento desde os anos 1990, com o recorde anual atingindo US$ 349,5 bilhões em 2007, segundo dados da Giving USA, uma iniciativa de serviços públicos que monitora as atividades filantrópicas.
O aumento nas doações individuais do ano passado veio com doações de US$ 80 milhões ou mais, indicando que a fatia total de riqueza do bolo filantrópico se expandiu.
Faculdade de Farmácia
Eshelman, fundador da Eshelman Ventures LLC em Wilmington, Carolina do Norte, e presidente fundador da Furiex Pharmaceuticals, manteve um assento no Conselho de Visitantes da Universidade da Carolina do Norte por mais de uma década e já havia doado cerca de US$ 38 milhões para financiar a Faculdade Eshelman de Farmácia. A doação de US$ 100 milhões criará um centro universitário que será chamado Instituto Eshelman para Inovação, disse a universidade.
“Eu sou inspirado pelo trabalho feito pelos estudantes, pelos professores e pela equipe da Faculdade de Farmácia”, disse Eshelman, em um comunicado de imprensa, no dia 6 de dezembro. “Nos últimos 10 anos a faculdade gerou mais de 130 patentes e criou 15 empresas separadas”.
O escritório de Eshelman disse à Bloomberg que ele estava em viagem no exterior e que não poderia ser contatado para comentar.
Organizações de auxílio a necessidades básicas estão sentindo falta de generosidade em suas campanhas, mesmo quando o milagre ocasional do Natal mantém os espíritos elevados.
Enquanto isso, oito das 10 maiores doações do mundo em 2014 vieram de filantropos americanos, segundo um relatório de 10 de dezembro da Wealth-X, uma firma de pesquisa e prospecção com sede em Cingapura focada em indivíduos com patrimônio líquido de US$ 30 milhões ou mais.
Warren Buffett doou a maior quantia, US$ 2,1 bilhões em ações da Berkshire Hathaway Inc., para a Fundação Bill e Melinda Gates. Nicholas Woodman, CEO da GoPro Inc., veio em segundo, com uma doação de US$ 498 milhões para a Fundação da Comunidade do Vale do Silício, o fundo assessorado por doadores favorito do CEO do Facebook Inc., Mark Zuckerberg.
E todos os telefonemas e rajadas de e-mails de Natal das universidades podem ter compensado. Oito das 10 maiores doações foram para universidades americanas.