Compras de Natal: dados apontaram para um círculo vicioso no centro da fraqueza econômica da zona do euro (Ian Gavan/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2013 às 09h52.
Bruxelas - A queda do investimento empresarial e a relutância dos consumidores em gastar até mesmo no Natal prejudicaram a economia da zona do euro nos últimos três meses do ano, o que autoridades esperam que tenha sinalizado o ponto mais baixo da recessão do bloco.
A produção econômica dos 17 países que compartilham o euro caiu 0,6 por cento no quarto trimestre de 2012 na comparação com os três meses anteriores, informou nesta quarta-feira a agência de estatísticas da União Europeia (UE), Eurostat, confirmando a leitura preliminar e marcando a maior queda trimestral num ano de contração.
"Este foi o pior trimestre no ciclo de recessão," disse Mads Koefoed, um economista no Saxobank. "O resultado das eleições italianas aumentou a incerteza, mas o crescimento da zona do euro deve voltar no fim deste ano," afirmou.
Os dados apontaram para um círculo vicioso no centro da fraqueza econômica da zona do euro. Os governos estão cortando gastos, levando os negócios a paralisarem investimentos e a demissões, deixando as famílias sem condições de gastar ou fornecer o crescimento necessário para reduzir a dívida.
Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o Produto Interno Bruto registrou contração de 0,9 por cento no quarto trimestre de 2012.
Embora sejam números referentes a um período que ficou para trás, eles podem influenciar uma reunião mensal do conselho diretor do Banco Central Europeu na quinta-feira.
Não se espera que o banco corte as taxas esta semana abaixo de 0,75 por cento, mas um número crescente de economistas vê uma redução no custo de empréstimos em algum momento este ano, em parte porque a inflação não é mais uma ameaça para a zona do euro.
Segundo a Comissão Europeia, a economia da zona do euro deve encolher 0,3 por cento este ano, e pelo menos para o primeiro e segundo trimestres de 2013, o panorama permanece fraco.
Como esperado, a zona do euro encerrou o ano em sua segunda recessão desde 2009, uma realidade já bem conhecida para milhões de europeus sofrendo com desemprego recorde e com a crise da dívida que quase levou o bloco monetário ao colapso no ano passado.
A Eurostat desmembrou os números, mostrando a Alemanha como a única grande economia da zona do euro que cresceu no trimestre, apesar de a expansão ter desacelerado, enquanto França, Espanha e Itália tiveram contração.
No geral, os gastos dos governos não contribuíram para o Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2012, destacando-se a austeridade liderada pela Alemanha que visa a cortar déficits orçamentários, mas que muitos economistas dizem estar aprofundando a recessão.
A falta de gastos pelas famílias cortou 0,2 ponto percentual do número trimestral do PIB, e o investimento empresarial também pesou sobre a produção pela mesma margem.