Natal: cinco entre as oito atividades do comércio tiveram avanço nas vendas em dezembro de 2019 (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de fevereiro de 2020 às 14h23.
Última atualização em 12 de fevereiro de 2020 às 14h24.
Rio de Janeiro — O Natal de 2019 foi mais forte para o varejo que o de 2018, mas mais fraco que o de 2017, segundo Isabella Nunes, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Em 2018, teve antecipação de compras na Black Friday, que atrapalhou o Natal. Esse ano foi mais distribuído...", avaliou Isabella Nunes.
O volume vendido pelo varejo cresceu 2,6% em dezembro de 2019 em relação ao mesmo mês do ano anterior. Em dezembro de 2018, a alta foi de 0,7%. No mesmo período de 2017, as vendas cresceram 4,0%.
Cinco entre as oito atividades do comércio varejista brasileiro tiveram avanço nas vendas em dezembro de 2019 em relação a dezembro de 2018. O IBGE ressalta que dezembro de 2019 teve um dia útil a mais do que igual mês do ano anterior.
Os avanços ocorreram em Outros artigos de uso pessoal e doméstico (12,9%), Móveis e eletrodomésticos (18,6%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (7,1%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,4%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (1,5%).
A influência negativa mais intensa foi a de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,9%). Houve perdas também em Combustíveis e lubrificantes (-1,0%) e Tecidos, vestuário e calçados (-0,1%).
Considerando o comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos e material de construção, o volume de vendas subiu 4,1% em dezembro de 2019 ante dezembro de 2018. Os Veículos, motos, partes e peças cresceram 9,3%, enquanto Material de construção avançou 5,1%.
O choque de preços das carnes contribuiu para o mau desempenho das vendas dos supermercados em dezembro do ano passado, segundo Isabella Nunes, gerente da Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE. O volume vendido pelo setor recuou 1,2% em relação a novembro. Na comparação com dezembro de 2018, houve queda de 2,9%.
"A queda em supermercados impactou o resultado geral (do varejo), mas foi pontual, porque foi deflacionado por um IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) bastante elevado, por conta das carnes", justificou Isabella Nunes.
A receita nominal dos supermercados cresceu 0,3% em dezembro ante novembro, mas o resultado é deflacionado pela inflação de alimentos captada pelo IPCA, chegando assim ao resultado do volume vendido.
"É uma atividade que tem um efeito substituição muito forte", lembrou Isabella. "Houve impacto de preços em supermercados. As famílias não compraram menos, elas substituíram por outros itens (com preços mais baixos)", explicou.
Além da inflação de alimentos, o setor de supermercados tem sido afetado por uma estabilidade na renda do trabalhador, acrescentou a pesquisadora do IBGE.
O volume vendido já oscilava próximo da estabilidade entre setembro e novembro. A recuperação do mercado de trabalho ainda muito ligada à informalidade não aumenta a renda média do trabalhador nem a capacidade de consumo, argumentou Isabella Nunes. "O trabalhador informal tem renda mais baixa que o formal", explicou.
Com a perda de fôlego no último quadrimestre, o setor de supermercados não ajudou tanto a média global do varejo em 2019. As vendas do setor cresceram 0,4% no ano passado, após avanços mais consistentes em 2017 (1,5%) e 2018 (3,8%).