Block Island Wind Farm: projeto é um marco em um país que torce o nariz para expansão eólica marítima. (Deepwater wind)
Vanessa Barbosa
Publicado em 29 de agosto de 2016 às 17h48.
São Paulo — Os Estados Unidos concluíram neste mês a construção de seu primeiro parque eólico em mar aberto (offshore). Comparado ao padrão mundial, o projeto da Block Island Wind Farm é bem pequeno: suas cinco turbinas vão gerar energia para 17 mil casas. A título de comparação, o maior parque gerador de energia eólica offshore do mundo — o London Array, no Reino Unido — produz energia suficiente para quase meio milhão de casas por ano com suas 175 turbinas .
Apesar de modesto, o projeto americano é um marco em um país que costuma torcer o nariz para a expansão das fronteira eólica além mar. Parte da explicação é econômica: no contexto americano, as instalações offshore são bem mais dispendiosas do que as que se localizam em terra (onshore) e do que outras fontes, como o gás de xisto.
Em contrapartida os ventos costeiros são mais fortes, o que torna a produção offshore vantajosa nessas condições, indo ao encontro da almejada transição energética necessária para o país reduzir suas emissões de gases perigosos no meio ambiente. Além disso, para determinados locais, usinas offshore podem, até mesmo, ser mais atraentes em termos de custo.
É o caso de Block Island, destino turístico localizado a 20 quilômetros do estado americano de Rhode Island. Antes de abrir as portas para o projeto eólico, a ilha não tinha qualquer ligação elétrica com o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do país, sendo inteiramente dependente da importação de combustíveis poluentes e caros, como o diesel, para produzir eletricidade.
Juntos, as cinco turbinas da fazenda eólica terão uma capacidade de 30 MW, e quando elas começarem a girar, dentro de dois meses, deverão fornecer energia suficiente para suprir até nove vezes a demanda da ilha. De quebra, o projeto conecta a rede de energia local com o resto do país, dando aos moradores uma fonte mais confiável.
Divulgação / Deepwater Wind
Pelos cálculos do governo local, a fazenda eólica deverá garantir aos moradores uma economia de 40% nas contas de energia, além de reduzir as emissões de dióxido de carbono em 40.000 toneladas por ano.
Através de um contrato de energia, a empresa Deepwater Wind, desenvolvedora do projeto, não só fornecerá energia para os residentes e turistas sazonais da ilha, mas enviará a maior parte para o estado de Rhode Island.
O apoio político por parte das autoridades locais e da sociedade foi determinante para o sucesso da empreitada. Já o financiamento inicial para o projeto de US$ 300 milhões veio de uma empresa de investimento com sede em Nova York, o Shaw Group DE.
Longe do mar, em terra, o país instalou mais de 50 mil turbinas eólicas nos últimos 20 anos, que suprem, atualmente, 5% da demanda de energia americana.