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Não haverá sustos na cotação do dólar, prevê Nathan Blanche

Sócio da Tendências Consultoria, que tem mais de 30 anos de experiência no mercado de câmbio, reduziu a previsão para o dólar em 2012 de R$ 1,75 para R$ 1,65

Ao contrário de 2008, cotação do dólar não deve disparar, prevê Nathan Blanche (Divulgação/Tendências Consultoria)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de agosto de 2011 às 17h09.

São Paulo – O cenário cambial de 2008, quando o dólar bateu na casa de R$ 2,50, não se repetirá agora, na avaliação do sócio da Tendências Consultoria Nathan Blanche.

O empresário, que tem mais de 30 anos de experiência nesse mercado, acaba de reduzir de R$ 1,75 para R$ 1,65 a previsão para o dólar em 2012. A projeção para 2011 foi mantida em R$ 1,60. "Não haverá sustos como em 2008."

A decisão dele foi baseada em dois aspectos econômicos: fluxo financeiro positivo e balança comercial superavitária, o que garante a valorização do real.

“Dado que as taxas de juros nos Estados Unidos continuarão baixas até 2013, conforme o Fed anunciou, sobrarão recursos que vão procurar países emergentes. Em termos de fluxo de capitais, a gente vai continuar sendo beneficiado, pelo menos, ao longo dos próximos dois anos.”

Segue Blanche: “Com a desaceleração dos países desenvolvidos, a China e a Índia vão compensar a queda nas exportações com o estímulo ao mercado interno. Sendo assim, o Brasil necessariamente vai continuar vendendo mais para esses países, o que garante preços em alta. Em números redondos, as exportações de commodities – alimentos e minério de ferro – são responsáveis por um superávit comercial de US$ 100 bilhões no Brasil, enquanto os outros setores são deficitários em US$ 72 bilhões, o que dá uma balança positiva em US$ 28 bilhões.”


A recente intervenção do governo federal no mercado de derivativos é criticada pelo empresário. “Quem vai ser prejudicado na verdade são os pequenos e médios exportadores, porque os grandes, quando querem fazer hegde, procuram as bolsas de Nova York e Chicago.”

No fim de julho, o Conselho Monetário Nacional ganhou poderes para taxar em até 25% as operações de venda de dólar no mercado futuro. Inicialmente, foi escolhida a alíquota de 1%, mas a possibilidade de esse percentual subir a qualquer momento gera insegurança, na opinião de Nathan Blanche.

O empresário salienta que as projeções para o câmbio partem do princípio de que o governo não vai cometer "mais loucuras, nem alterar a regra do jogo".

“Não pode haver quebra de contrato. A insegurança jurídica, por enquanto, não promoveu nenhuma restrição de fluxos para o Brasil. Se alguma medida constranger o mercado com o descumprimento de algum contrato, aí a história é diferente, a gente pode ter uma maxidesvalorização.”

O sócio da Tendências Consultoria afirma que o mercado futuro de câmbio salvou o Brasil em 2008, apesar do fato de que algumas empresas, como Sadia e Aracruz, tenham praticamente quebrado com operações de derivativos. “Não fossem os derivativos, o dólar teria derretido. Não fossem os contratos em aberto na BM&F, talvez o real não existesse mais hoje”, diz Blanche.

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São Paulo – O cenário cambial de 2008, quando o dólar bateu na casa de R$ 2,50, não se repetirá agora, na avaliação do sócio da Tendências Consultoria Nathan Blanche.

O empresário, que tem mais de 30 anos de experiência nesse mercado, acaba de reduzir de R$ 1,75 para R$ 1,65 a previsão para o dólar em 2012. A projeção para 2011 foi mantida em R$ 1,60. "Não haverá sustos como em 2008."

A decisão dele foi baseada em dois aspectos econômicos: fluxo financeiro positivo e balança comercial superavitária, o que garante a valorização do real.

“Dado que as taxas de juros nos Estados Unidos continuarão baixas até 2013, conforme o Fed anunciou, sobrarão recursos que vão procurar países emergentes. Em termos de fluxo de capitais, a gente vai continuar sendo beneficiado, pelo menos, ao longo dos próximos dois anos.”

Segue Blanche: “Com a desaceleração dos países desenvolvidos, a China e a Índia vão compensar a queda nas exportações com o estímulo ao mercado interno. Sendo assim, o Brasil necessariamente vai continuar vendendo mais para esses países, o que garante preços em alta. Em números redondos, as exportações de commodities – alimentos e minério de ferro – são responsáveis por um superávit comercial de US$ 100 bilhões no Brasil, enquanto os outros setores são deficitários em US$ 72 bilhões, o que dá uma balança positiva em US$ 28 bilhões.”


A recente intervenção do governo federal no mercado de derivativos é criticada pelo empresário. “Quem vai ser prejudicado na verdade são os pequenos e médios exportadores, porque os grandes, quando querem fazer hegde, procuram as bolsas de Nova York e Chicago.”

No fim de julho, o Conselho Monetário Nacional ganhou poderes para taxar em até 25% as operações de venda de dólar no mercado futuro. Inicialmente, foi escolhida a alíquota de 1%, mas a possibilidade de esse percentual subir a qualquer momento gera insegurança, na opinião de Nathan Blanche.

O empresário salienta que as projeções para o câmbio partem do princípio de que o governo não vai cometer "mais loucuras, nem alterar a regra do jogo".

“Não pode haver quebra de contrato. A insegurança jurídica, por enquanto, não promoveu nenhuma restrição de fluxos para o Brasil. Se alguma medida constranger o mercado com o descumprimento de algum contrato, aí a história é diferente, a gente pode ter uma maxidesvalorização.”

O sócio da Tendências Consultoria afirma que o mercado futuro de câmbio salvou o Brasil em 2008, apesar do fato de que algumas empresas, como Sadia e Aracruz, tenham praticamente quebrado com operações de derivativos. “Não fossem os derivativos, o dólar teria derretido. Não fossem os contratos em aberto na BM&F, talvez o real não existesse mais hoje”, diz Blanche.

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