Não há consenso no governo sobre proteção comercial no Brasil
Ministério da Fazenda quer maior abertura comercial, mas o de Comércio pede mais proteção aos produtos brasileiros
Estadão Conteúdo
Publicado em 4 de março de 2018 às 10h59.
Brasília - Indústrias como aço, químicos, têxteis e alumínio estão preocupadas com esse cenário de aumento nas medidas contrárias às exportações ao mesmo tempo que ocorre queda nas barreiras às importações. No governo, há uma disputa: o Ministério da Fazenda defende menos medidas de defesa comercial, com menor proteção à indústria local e maior abertura do mercado, e o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) entende que é preciso proteger os produtos brasileiros quando há concorrência desleal.
Em janeiro, mesmo com um parecer do departamento técnico do Mdic atestando que houve dumping na importação de aço chinês - que é quando o produto é vendido no exterior a preços mais baixos do que no mercado interno -, os ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiram seguir o entendimento da Fazenda e não aplicar uma sobretaxa na compra do produto, exatamente o movimento contrário do que faz agora os Estados Unidos.
"O mundo está debaixo de uma turbulência enorme. É fundamental que o Brasil tenha uma defesa comercial ágil, técnica, que não seja politizada", diz o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes.
Para o presidente da Associação Brasileira de Alumínio (Abal), Milton Rego, mais preocupante do que o impacto da sobretaxa americana sobre as exportações brasileiras é a provável invasão do alumínio chinês no Brasil, já que a China também será atingida pela decisão do presidente americano Donald Trump de sobretaxar a importação de alumínio.
Dessa forma, o presidente da Abal acredita que é importante atuar nas duas frentes: na Organização Mundial do Comércio (OMC), para resolver possíveis conflitos, mas também protegendo o mercado interno de produtos que chegam de forma desleal.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.