Não há clima para aprovar Previdência, diz Requião
O senador declarou que a reforma deve ser feita sob a perspectiva do povo brasileiro
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de abril de 2017 às 19h01.
Última atualização em 17 de abril de 2017 às 19h02.
Brasília - O senador Roberto Requião (PMDB-PR) afirmou nesta segunda-feira, 17, que considera "criminosa" a reforma da Previdência defendida pelo governo Michel Temer.
"Não tem clima nenhum para aprovar isso mais", avaliou.
"É claro que a Previdência tem que ser reformada, mas sob a perspectiva do povo brasileiro e não da 'banca', nem do (ministro da Fazenda) Henrique Meirelles, nem do (presidente do Banco Central) Ilan Goldfajn."
Requião disse que não acredita que o governo possa "se manter" com oito ministros alvos de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) com base nas delações premiadas da Odebrecht.
"Eu não sei como essa gente se mantém no poder. A saída seria um plebiscito revogatório para todas as medidas temerárias do Temer e uma eleição direta para o presidente da República e todo Congresso Nacional", defendeu.
Ele brincou que vai propor um projeto para que todos os senadores sejam chamados no plenário pelos codinomes das planilhas da Odebrecht - 24 senadores foram alvos de inquéritos.
"Fico imaginando se eu não deveria fazer um projeto de resolução do 'nome social Odebrecht' na tribuna do Congresso. Então nós teremos: 'agora vai falar o Mineirinho, vai falar o Caju'. Eles utilizariam o nome social Odebrecht. Como é que essa gente tem coragem de votar uma reforma bárbara da Previdência?", questionou.
O parlamentar afirmou ainda que Temer está falando "como um banqueiro, defendendo os rentistas, os juros e os interesses da banca".
"Para ele, tudo se resolve se o povo pagar a conta, a conta de uma festa para a qual o povo nem sequer foi convidado, não participou. Então não tem muito sentido essa história da reforma da Previdência."
Apontado como um possível relator para a proposta da reforma da Previdência no Senado, caso ela seja aprovada na Câmara, Requião disse que "aceitaria sem dúvida nenhuma".
"Com grande prazer e defendendo os interesses do povo e do trabalhador brasileiro. Eu não acredito que me escolham. Eu me sinto aqui numa espécie de estranho no ninho."
O líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL), seria, em tese, o responsável por fazer a indicação.