Paulo Guedes: em Davos, o ministro da Economia fez uma comparação com a participação do Brasil no Fórum Econômico Mundial do ano passado e deste ano (Isac Nóbrega/PR/Flickr)
Agência O Globo
Publicado em 23 de janeiro de 2020 às 17h05.
Última atualização em 24 de janeiro de 2020 às 15h33.
Davos — Em um balanço de seus quatro dias de atividades no Fórum Econômico Mundial, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a elite política e empresarial reunida em Davos fez um “reconhecimento” do Brasil como nova fonte de crescimento para a economia global.
Ele fez uma comparação com o ambiente visto na edição do ano passado e assegurou que a abordagem dos investidores com o país agora é outra.
"A descrença era tão grande, botaram a gente tão lá embaixo, que a expectativa era zero", afirmou Guedes, antes de se despedir do fórum e iniciar a viagem de volta para Brasília.
Segundo o ministro, a reforma da Previdência e o cumprimento da meta para privatização de ativos foram sinais bem recebidos.
Para ele, na edição do ano passado, a imagem do Brasil ainda estava arranhada por causa da corrupção e havia preocupação com eventuais “excessos” do presidente Jair Bolsonaro.
"Não esperavam quase nada da gente e agora olham para gente como fonte de crescimento - observou Guedes, relatando conversas com autoridades do Fundo Monetário Internacional (FMI), que lhe falaram sobre a “desaceleração sincronizada” da economia mundial.
"A América Latina está estagnada. A Argentina está ferrada, a Venezuela está ferrada. Quando a gente olha para a América Latina, só o Brasil aparece."
O ministro garantiu que nenhum investidor em Davos levantou com ele questões ambientais, mas ouviu elogios ao “bom funcionamento da democracia brasileira” e fez questão de “dividir a responsabilidade [pela recuperação econômica do país] com o presidente e com o Congresso”.
"O resultado disso é que as reformas estão avançando e o Brasil virou a nova fronteira de investimentos", celebrou.
"Só Estados Unidos, China e Cingapura receberam mais investimentos diretos estrangeiros do que o Brasil em 2019. Graças à aprovação das reformas, estamos virando a última fronteira de investimentos. E vamos fazer reformas até o último dia deste governo", prometeu.
A partir das discussões em Davos, Guedes relatou ainda sua percepção de que “vão existir moedas regionais fortes” dominando o mundo daqui a 15 ou 20 anos.
E aproveitou a abordagem do assunto para dizer que esclareceu, às autoridades americanas, que o Brasil não faz nenhuma manipulação cambial.
O assunto foi lembrado por conta da ameaça feita pelo presidente Donald Trump de taxar as exportações brasileiras de aço e alumínio para os Estados Unidos. Isso ocorreu quando o dólar ultrapassou a barreira de R$ 4,20 no Brasil. "Vamos ter que nos acostumar com juros baixos e câmbio mais alto", disse.
Guedes contou ter conversado, por telefone, com os secretários americanos do Tesouro, Steve Mnuchin, e do Comércio, Wilbur Ross, para desfazer o mal entendido e evitar sobretaxa ao aço e ao alumínio.
"Eu disse que estavam dando um tiro em algo errado, que nós fizemos tudo certo - afirmou o ministro brasileiro. "E o que eles responderam? Pode deixar, nós vamos falar com o (Donald) Trump aqui", concluiu.