Economia

Não culpe a austeridade por aumento menor da expectativa de vida

Países que evitaram cortes severos após crise tiveram crescimento mais lento na esperança de vida do aqueles onde aperto foi maior, diz estudo da OCDE

Protesto de idosos contra cortes nas aposentadorias em Atenas, na Grécia, em dezembro de 2016 (Alkis Konstantinidis/Reuters)

Protesto de idosos contra cortes nas aposentadorias em Atenas, na Grécia, em dezembro de 2016 (Alkis Konstantinidis/Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 3 de março de 2019 às 08h00.

Última atualização em 3 de março de 2019 às 08h00.

A melhora na expectativa de vida está desacelerando nas economias avançadas do mundo, mas isso pode não ser culpa das políticas de austeridade.

Países europeus que evitaram a austeridade após a crise financeira global -- como Alemanha, Suécia e Holanda -- registraram maior desaceleração do aumento da esperança de vida do que países nos quais os cortes de gastos do governo foram mais severos, como a Grécia, segundo trabalho da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

“Análises sistemáticas mostram que as crises econômicas e a austeridade estão associadas à piora da saúde mental e ao aumento dos índices de suicídio, mas o impacto na mortalidade geral é menos consistente”, disse a epidemiologista Veena Raleigh no trabalho.

Alguns estudos mostraram inclusive que as crises econômicas estão associadas a uma menor mortalidade, especialmente em acidentes de trânsito, segundo Raleigh. Ainda assim, o trabalho conclui que a questão deve continuar sendo monitorada.

“A escala completa das consequências nos países gravemente afetados pode se tornar evidente apenas no futuro”, disse ela no trabalho.

Após mais de um século com as populações das grandes economias industrializadas desfrutando de vidas cada vez mais longas, o aumento começou a perder força em alguns países europeus.

Raleigh ressalta que apesar de o tabaco, o consumo excessivo de álcool e a pressão sanguínea elevada terem sofrido um declínio nos últimos anos, a obesidade e o diabetes continuam aumentando.

Evolução da expectativa de vida na Alemanha (branco), Holanda (azul), Suécia (vermelho), Grécia (rosa), Irlanda (amarelo) e Espanha (azul claro)

Evolução da expectativa de vida na Alemanha (branco), Holanda (azul), Suécia (vermelho), Grécia (rosa), Irlanda (amarelo) e Espanha (azul claro) (Gráfico/Bloomberg)

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