EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h28.
O grupo dos países emergentes voltou à moda. No ano passado, esses mercados receberam um fluxo recorde de capitais: foram 358 bilhões de dólares, seja em forma de investimentos diretos ou em aplicações financeiras. O valor supera, inclusive, o montante registrado em 1996, época da euforia que logo depois levou à crise asiática. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (20/1) pelo Institute of International Finance (IIF).
Dessa vez, porém, não há motivo para pânico. Ou, pelo menos, quase. "Nunca é impossível, mas os índices econômicos atuais mostram um cenário muito diferente daquele de 1997", diz o economista John Williamson, especialista em mercados emergentes do Institute for International Economics (IIE).
Segundo ele, a grande diferença está no perfil do balanço de pagamentos desses países. Nos anos 90, muitos deles enfrentavam déficits em conta-corrente. Hoje, a situação é oposta nesse sentido, com a maior parte das economias comemorando superávits. Williamson cita o caso do Brasil, que em 1997 tinha um déficit com conta-corrente equivalente a 1,9% do PIB, enquanto hoje o que existe é um superávit primário de 4,5%. "É até demais", diz o economista.
Ambiente favorável
Como já era previsto, a China foi o principal destino dos investimentos estrangeiros em 2005. Sozinho, o país recebeu 27% de todo o fluxo de capitais, o que corresponde a quase 100 bilhões de dólares. Toda a região da América Latina recebeu menos da metade disso: 44 bilhões de dólares.
Todos esses países foram beneficiados por um ambiente internacional bastante favorável em 2005, sobretudo por altos níveis de liquidez. No entanto, a festa tende a esfriar esse ano. De acordo com o estudo do IIF, muitos dos países emergentes aproveitaram o bom cenário econômico de 2005 para refinanciar suas dívidas, e parte delas vencem neste ano. Com isso, a previsão é de que o fluxo de capitais para os emergentes seja um pouco menor em 2006 (322 bilhões de dólares), mas ainda um dos mais altos da história.
Os membros do IIF uma associação internacional que engloba instituições financeiras de todo o mundo alertam para a necessidade de mudanças nos países em desenvolvimento. Segundo eles, o risco de déficit no balanço de pagamentos ainda persiste em alguns países, e os investidores devem se manter atentos aos fundamentos econômicos.