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China e Brasil mantêm disposição diplomática de negociar

Pressão de empresários brasileiros é considerada "divergência pequena" por embaixador chinês no Brasil

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h26.

Os governos brasileiro e chinês buscaram reduzir o impacto negativo do fracasso nas negociações entre os dois países. No final de setembro, a missão liderada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, voltou de mãos vazias da China: não conseguiu convencer o parceiro a impor restrições voluntárias às exportações de determinadas áreas, como confecções e calçados. Com a pressão dos empresários brasileiros, que se sentem prejudicados com o crescimento de 50% na importação de produtos chineses, o governo brasileiro se viu obrigado a regulamentar, na semana passada, as salvaguardas contra a China.

O embaixador da China no Brasil, Jiang Yuande, afirmou que o governo não ficou decepcionado com a decisão. "Não há por que ficar decepcionado com a regulamentação das salvaguardas", afirma o embaixador, na Conferência Internacional China, promovida pelo Conselho Empresarial Brasil-China.

Representando o governo brasileiro na conferência, o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ivan Ramalho, afirmou que a incapacidade de a missão concluir o acrodo de auto-restrição não demonstra inflexibilidade do governo chinês. "A negociação está evoluindo. As equipes técnicas estão avançando em vários pontos", diz. "A posição do ministro [Luiz Fernando] Furlan é de prosseguir negociando." O ministério aguarda a visita de uma missão da área comercial da China para ainda este ano.

Salvaguarda

Dois setores já encaminharam petições de salvaguardas ao Departamento de Defesa Comercial (Decom) do MDIC: têxteis e calçados. Segundo Ramalho, o período de investigação dos casos deverá se encerrar em 60 dias, e o ministério do comércio chinês já foi formalmente comunicado, a fim de que possa responder à consulta. As salvaguardas só foram utilizadas uma vez, quando produtores de brinquedos e coco ralado soliticaram a criação de contingenciamentos.

Divergências pequenas

As divergências quanto ao volume de manufaturados exportados pela China ao Brasil são entendidas como "questões pequenas" pelo embaixador Jiang Yuande. "Os dois países têm muitas complementaridades, Temos de olhar para o futuro", diz Yuande.

Brasil atrasado

O embaixador chama a atenção dos empresários brasileiros para o equívoco de manterem-se numa posição pouca agressiva. "Com isso, o Brasil pode acabar se atrasando em relação aos seus próprios vizinhos [latino-americanos]", afirma Yuande, citando as boas perspectivas para investimento que o 11º plano qüinqüenal em preparação pelo governo comunista proporcionará.

"Não estou satisfeito com a posição que a China ocupa no ranking de maiores importadores de produtos brasileiros", afirma. De fato, o Brasil exporta mais para a Argentina cujo Produto Interno Bruto (PIB) é quase metade do brasileiro do que vende para a China cujo PIB é quase 2,5 vezes maior que o brasileiro. "Queremos ser o número 2. E, no futuro, o número 1 [no lugar dos Estados Unidos, maior parceiro comercial do Brasil]."

O secretário Ivan Ramalho admite a necessidade de uma postura mais proativa do empresariado brasileiro. A China importa cerca de 500 bilhões de dólares por ano. Desse total, o Brasil participa com apenas 1%. Ou seja, exporta apenas 5 bilhões. Além disso, existem hoje 5 mil empresas que importam produtos chineses. Mas apenas mil empresas que exportam. "Esses números mostram bem que as empresas precisam participar mais", afirma Ramalho.

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