Morgan Stanley vê "ameaça tripla" a mercados emergentes em 2017
Os estrategistas do banco percebem uma "ameaça tripla" em 2017: dólar mais valorizado, elevação dos juros e possibilidade de maior protecionismo
Da Redação
Publicado em 30 de novembro de 2016 às 17h22.
Istambul - Trios famosos começaram a dar as caras junto com o final do ano.
Não só os três reis magos se aproximam com as festas, mas os três fatores de impulso às bolsas globais do Société Générale, a tríade de ameaças geopolíticas à economia global da Eurasia Group e o recém-chegado esquema triplo do Morgan Stanley para compreender os mercados no ano que chega.
Os estrategistas do banco percebem uma "ameaça tripla" às economias emergentes em 2017: dólar mais valorizado, elevação dos juros nos EUA e possibilidade de maior protecionismo comercial estragando as condições que empurraram investidores ávidos por rendimento na direção dos mercados emergentes durante boa parte de 2016.
A equipe de pesquisadores do Morgan Stanley liderada por James Lord — que ganhou fama ao criar os "Cinco Frágeis" em 2013, quando os analistas ainda creditavam os leitores com maior habilidade aritmética — prevê que esses fatores irão deprimir as taxas de retorno dessa classe de ativos durante o primeiro semestre de 2017, à medida que a alta dos rendimentos domésticos oferece melhor recompensa dentro de casa a investidores americanos e europeus.
O trio de vulnerabilidades dos mercados emergentes é exacerbado pelos fluxos de capital especulativo que impulsionaram os ativos desses países ao longo deste ano.
"Esperamos que o posicionamento pese negativamente, pelo menos nos próximos meses", afirmaram os pesquisadores sobre os níveis recordes de recursos.
O cálculo deles é que mais de um terço do dinheiro direcionado a dívidas de mercados emergentes desde fevereiro foi canalizado pelos voláteis fundos negociados em bolsa.
O Morgan Stanley recomenda foco em economias que atenuaram os desequilíbrios externos que lhes conferiam a etiqueta vermelha com a palavra “frágil” anteriormente.
Em 2013, o entendimento era que países com déficits em conta corrente grandes eram os mais expostos à redução gradual do programa de compra de títulos pelo banco central americano (Federal Reserve).
Agora, as vulnerabilidades externas voltam a diferenciar os ativos desses países.
Com o aumento da taxa básica de juros dos EUA dado como praticamente certo em dezembro, o Morgan Stanley considera precária a situação dos títulos soberanos de México e África do Sul, com spreads estreitos demais para absorver potenciais choques no futuro.
Por outro lado, o banco espera desempenho superior para títulos do Brasil, Indonésia e Sérvia, que aprimoraram suas vulnerabilidades externas.
De todo modo, houve melhora importante nos mercados emergentes em relação a 2013, único ano desde a crise financeira em que registraram taxas de retorno total negativas.
"Acreditamos que os mercados emergentes vão lidar com o novo paradigma e evitar uma queda significativa", escreveu a equipe de Lord.
"Uma razão importante para isso é que os fundamentos dos mercados emergentes estão em melhor forma do que antes do surto de 2013."