Moody's: agência aponta que atividades com alto grau de contato humano, como ir a restaurantes e ao cinema, deve demorar mais para ser normalizado (Michael Nagle/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de abril de 2020 às 12h33.
A Moody's divulgou comunicado nesta segunda-feira, 28, no qual prevê que as economias do G-20 como um conjunto sofrerão contração de 5,8% neste ano, diante da pandemia de coronavírus. A agência diz que deve haver recuperação gradual do Produto Interno Bruto (PIB) real em 2021 na maior parte das economias avançadas, mas elas devem ainda ficar abaixo dos níveis anteriores à doença e seus efeitos na atividade.
"Excluindo-se a China, a Moody's projeta que os países emergentes terão contração de 3,5%, quando antes da pandemia prevíamos avanço de 3,2%", afirma. "A economia chinesa deve crescer 1,0% em 2020", complementa.
Vice-presidente da Moody's, Madhavi Bokil afirma que a contração na atividade econômica no segundo trimestre será "severa" e que a recuperação no segundo semestre de 2020 "será gradual". Além disso, essa recuperação deve ser desigual entre os setores, já que o medo de contrair a doença deve alterar o comportamento dos consumidores mesmo após a retirada de restrições à atividade.
Bokil aponta que o consumo em atividades que exigem alto grau de contato humano, como comer em restaurantes, ir ao cinema ou fazer voos, não devem ser normalizado totalmente até que as taxas de contaminação pela covid-19 estejam em níveis muito baixos - ou que exista uma vacina ou um tratamento eficaz disponível.
A Moody's comenta ainda que a demanda por petróleo deve melhorar ao longo do próximo ano, junto com a retomada gradual da atividade. O avanço na demanda, contudo, e limitações na estocagem sugerem que o recuo nos estoques será lento, para a agência. Como resultado, os preços devem seguir baixos. A Moody's projeta que o Brent fique em média em US$ 35 o barril e o WTI, a US$ 30 o barril neste ano. Em 2021, devem avançar para US$ 45 e US$ 40, respectivamente.
A agência aponta também que, caso as restrições à atividade durem mais tempo ou sejam repetidas, isso deve prejudicar duramente a economia real, "com o potencial de disparar uma crise financeira". Nesse cenário, o choque econômico teria uma escalada em uma "profunda crise financeira", pior que a de 2008-2009, alerta a agência, comentando ainda que o aumento da desigualdade poderia impulsionar o descontentamento social e distúrbios políticos.