Ministros ignoram ordem para cortar gastos
Para eles, limites de gastos impostos agora vão desaparecer no segundo semestre devido ao esperado aumento na arrecadação
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h44.
Menos de uma semana depois do anúncio do novo corte de R$ 7,5 bilhões nas despesas da União, ministros que deveriam reduzir despesas de suas pastas decidiram ignorar restrições para gastar. "Não haverá cortes", diz o ministro da Educação, Fernando Haddad, um dos mais atingidos, com R$ 1,3 bilhão subtraído da pasta.
Como Haddad, os colegas que também sofreram cortes em suas pastas tampouco trabalham com a revisão de metas de programas e, muito menos, com a possibilidade de parar obras em ano eleitoral. A aposta generalizada é que os limites de gastos impostos agora vão desaparecer no segundo semestre em decorrência do esperado aumento na arrecadação de tributos da União.
Esse entendimento enfraquece o discurso da equipe econômica que, só neste ano, bloqueou um total R$ 31,8 bilhões de gastos para mostrar compromisso com as metas fiscais (3,3% do PIB de economia para pagamento de juros). O corte mais recente chegou a R$ 10 bilhões com o bloqueio de gastos de pessoal e subsídios.
Esse último corte não passou de um sinal - possivelmente ineficaz - de que o governo faz a sua parte no esforço para que o Banco Central (BC) não tenha de agir sozinho, aumentando a taxa básica de juros (Selic), para conter o ritmo mais acelerado da economia e, consequentemente, a inflação. Gastos públicos elevados pressionam a atividade econômica.