Economia

Ministério "mão na graxa"

Os nomes que Luiz Inácio Lula da Silva já indicou para seu ministério mostram uma grande virtude: a maturidade. Até agora, os ministros de Lula são pessoas cujo principal trunfo não são as credenciais acadêmicas (embora elas não faltem), mas sim uma grande vivência prática. "É um ministério em que as pessoas têm um pouco […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h47.

Os nomes que Luiz Inácio Lula da Silva já indicou para seu ministério mostram uma grande virtude: a maturidade. Até agora, os ministros de Lula são pessoas cujo principal trunfo não são as credenciais acadêmicas (embora elas não faltem), mas sim uma grande vivência prática. "É um ministério em que as pessoas têm um pouco de graxa nas mãos", diz o economista Paulo Guedes, colunista de EXAME. "Por isso, as soluções buscadas vão tender a ser mais simples e por isso mais eficazes."

Tomemos, por exemplo, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Na entrevista coletiva que concedeu logo após seu nome ser anunciado, ele disse que "finalmente, depois de muitos e muitos anos, um agricultor assume o Ministério". Rodrigues pode falar do setor na primeira pessoa: é produtor de soja no Maranhão e de cana de açúcar no interior paulista.

Da mesma forma, Luiz Fernando Furlan, presidente do Conselho de Administração da Sadia, é um experiente exportador. A Sadia vende carnes, frangos e embutidos para os cinco continentes. "Furlan sabe como exportar e vai ser um excelente negociador na hora de sentar à mesa com representantes de outros países", diz Guedes. "Vai fazer uma dupla muito boa com o ministro Celso Amorim, que também é experiente nessa área."

Há uma significativa diferença nas agendas dos futuros ministros e nas dos executivos que ocuparam o primeiro escalão do governo que se encerra, diz Guedes. "Deixamos de depender de jovens brilhantes para compensar a falta de vontade política de enfrentar os problemas." Ele cita como exemplo as diversas medidas para tentar conter a inflação que foram tomadas nas duas últimas décadas. "Primeiro", diz Guedes, "tentamos um congelamento. Depois um confisco. Depois o controle do câmbio e, finalmente, passamos a emitir dívida de maneira descontrolada. Não se atacou o principal problema, que é o excessivo gasto do setor público." Ele acredita que o novo governo terá mais disposição (ou menos escolha) para enfrentar as causas dos problemas, e não concentrar-se nas conseqüências.

Inflação -- No entanto, há um risco: o de perda do controle sobre a inflação. Para Guedes, o novo governo vai enfrentar um teste decisivo em abril de 2003, quando será negociado o salário mínimo para o ano, a ser anunciado no dia 1º de maio. Nesse momento os índices de preço devem estar em queda, mas a inflação acumulada em 12 meses ainda será elevada, podendo chegar a 15%. "Com um percentual tão grande vai ser difícil conter uma forte pressão por reindexação salarial", diz Guedes. "Se o PT não souber resistir a essa pressão e não conseguir cortar os gastos para manter os preços bem-comportados, a situação pode se complicar." A conferir.

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