Economia

Militares bloqueiam internet banda larga em Mianmar

A suspensão da internet ocorre no momento em que o país completa dois meses do golpe militar, que desencadeou uma ampla revolta popular violentamente reprimida

Policial militar faz guarda na região central de Yangon, em Mianmar (Stringer/Reuters)

Policial militar faz guarda na região central de Yangon, em Mianmar (Stringer/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 2 de abril de 2021 às 09h35.

O regime militar que controla o poder em Mianmar ordenou nesta quinta-feira, 1º, a suspensão da internet de banda larga no país em meio à violenta repressão aos opositores que protestam contra a deposição do governo democraticamente eleito. A dirigente Aung San Suu Kyi, destituída pelos militares, foi acusada ontem de violar uma lei sobre segredos de Estado que data da época colonial, informou seu advogado.

A suspensão da internet ocorre no momento em que o país completa dois meses do golpe militar, que desencadeou uma ampla revolta popular violentamente reprimida. Segundo a Associação para a Assistência a Presos Políticos, 535 pessoas, entre elas vários estudantes, adolescentes e crianças, morreram vítimas da repressão do regime e mais de 2 mil foram presas desde 1.º de fevereiro.

A enviada especial das Nações Unidas para Mianmar, Christine Schraner Burgener, advertiu na quarta-feira, 31, que "um banho de sangue é iminente" se a comunidade internacional não agir para conter a violência.

Segundo a empresa de telecomunicações Ooredoo, a junta militar ordenou o corte de todas as conexões wi-fi a fim de limitar as comunicações. Os militares de Mianmar já haviam bloqueado o acesso à internet móvel e retardado o serviço de banda larga. Esta interrupção da internet foi condenada por dezenas de países-membros da ONU.

Um advogado de Suu Kyi disse ontem que a líder deposta de Mianmar foi acusada na semana passada de violar a lei de segredos do país, a mais séria acusação feita contra ela até agora. A Nobel da Paz, que está detida, já havia sido acusada de corrupção e "incitação à desordem pública", além de ter comprado ilegalmente walkie-talkies de uso do Exército. O advogado disse que soube sobre as acusações contra ela e vários outros membros de sua Liga Nacional para a Democracia (NLD) há dois dias. Se condenada, ela pode pegar até 14 anos de prisão.

A líder pró-democracia de 75 anos foi mantida em prisão domiciliar por 15 anos pela junta militar que governou o país de 1962 a 2016.

Quando deram o golpe, em fevereiro, os militares fizeram falsas alegações de fraude nas eleições de novembro, que tinham sido vencidas pelo partido de Suu Kyi. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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