Economia

Meta para contas do governo permitirá déficit de 1% do PIB

A meta atual de economia é de um superávit de 0,38% do PIB para o governo federal e 0,5% para todo o setor público, incluindo Estados e municípios


	Flexibilidade: a meta atual de economia é de um superávit de 0,38% do PIB para o governo federal e 0,5% para todo o setor público, incluindo Estados e municípios
 (Reprodução/YouTube)

Flexibilidade: a meta atual de economia é de um superávit de 0,38% do PIB para o governo federal e 0,5% para todo o setor público, incluindo Estados e municípios (Reprodução/YouTube)

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Da Redação

Publicado em 17 de fevereiro de 2016 às 08h07.

Brasília - A equipe econômica estuda flexibilizar a meta para as contas do governo federal deste ano para permitir um déficit primário (sem levar em conta os gastos com juros) de até 1% do PIB, o equivalente a cerca de R$ 61 bilhões.

Isso pode ocorrer caso o governo não consiga arrecadar tudo o que espera com receitas extraordinárias, como a volta da CPMF.

A meta atual de economia é de um superávit de 0,38% do PIB para o governo federal e 0,5% para todo o setor público, incluindo Estados e municípios.

Mas, como está cada vez mais difícil alcançar o resultado, o governo quer criar um sistema de bandas, como existe na inflação, que permita reduzir o objetivo a ser alcançado.

A Junta Orçamentária - composta pelos ministros da Fazenda (Nelson Barbosa), da Casa Civil (Jaques Wagner) e do Planejamento (Valdir Simão) - ainda não definiu os valores das bandas.

A expectativa é de que o governo necessitará de uma margem para acomodar um déficit superior a 0,5% do PIB, podendo chegar a 1% do PIB.

A proposta de mudança da meta de 2016 com uma banda de flutuação é o primeiro passo para a reforma fiscal que o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, está preparando.

O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, apurou que a banda de flutuação será feita em função de receitas extraordinárias e ainda incertas previstas para este ano, como a repatriação de receitas não declaradas no exterior (R$ 21 bilhões), venda de ativos do governo (R$ 30 bilhões) e a volta da CPMF (R$ 10 bilhões).

Caso essas receitas não se concretizem, parte poderá ser abatida da meta fiscal. Também está sendo avaliada a possibilidade de abater parte de receitas de impostos e contribuições federais que o governo não conseguir arrecadar.

Uma fonte da área econômica informou que a proposta indicará uma perda potencial de receita. "O espaço não quer dizer que iríamos para o piso. Essas receitas são possíveis e vamos atrás delas", afirmou a fonte.

A discussão ainda está no início. Os números serão levados para avaliação da presidente Dilma Rousseff.

O governo quer introduzir a banda de flutuação já em 2016 para evitar o desgaste de ter que, ao final do ano, enviar um projeto de lei alterando a meta vigente, como ocorreu nos anos anteriores.

Limite para gastos

Paralelamente, o governo também está preparando regras que evitem o aumento do gasto (com um teto para a expansão das despesas). Além de medidas corretivas que possam ser acionadas para evitar que o teto seja estourado, como, por exemplo, o cancelamento de reajuste de pessoal.

Isso tudo para indicar que a meta flexível não é um "cheque em branco" e o governo está disposto a conter as despesas para diminuir o rombo estrutural das contas públicas.

Essas regras têm de estar prontas até abril, quando o governo precisa enviar ao Congresso Nacional o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017.

Por causa das resistências internas, não está certo se o ministro Barbosa conseguirá anunciar as medidas na sexta-feira, junto com o corte Orçamentário, como é a sua intenção.

Como informou o Estado, o corte ficará em torno de R$ 24 bilhões e ainda deverá manter a previsão de cumprimento da meta de R$ 24 bilhões para 2016 das contas do Governo Central.

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