Merkel pede respeito a compromissos antes de ver Hollande
"Um crescimento baseado no crédito nos levará de volta para o início da crise. Não queremos isso, não faremos isso", declarou a chanceler
Da Redação
Publicado em 10 de maio de 2012 às 15h42.
Berlim - A chefe do Governo alemão, Angela Merkel , pediu que seus aliados respeitem os compromissos de austeridade fiscal e os prazos de retirada do Afeganistão, poucos dias antes de sua reunião com o presidente eleito da França, François Hollande, que sugeriu alterações nestas agendas.
Sem mencionar Hollande, Merkel, defensora dos ajustes como forma de superar a crise na zona do euro, voltou a ser inflexível quanto à perspectiva de recuperação econômica na Europa com base em gastos públicos, em um discurso aos legisladores alemães.
"Um crescimento baseado no crédito nos levará de volta para o início da crise. Não queremos isso, não faremos isso", declarou a chanceler, calorosamente aplaudida pelo Bundestag, onde apresentou a posição da Alemanha para a reunião do G8, dias 18 e 19 de maio, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), dias 20 e 21 de março, ambas nos Estados Unidos.
Hollande, que na próxima terça-feira assumirá a função de presidente da França, viajará para a Alemanha no mesmo dia. Durante sua campanha eleitoral, declarou seu interesse em renegociar o Pacto Europeu sobre a disciplina orçamentária e em adicionar a ele medidas voltadas para o crescimento da economia.
A Alemanha já rejeitou a possibilidade de uma renegociação.
Para Merkel, que durante a campanha apoiou o atual presidente, Nicolas Sarkozy, é essencial que cada parte aceite a ideia de que "a saída da crise será um processo longo" e que, para isso, é necessário atacar os problemas estruturais de alguns países, o "endividamento catastrófico" e a "falta de competitividade".
Quanto ao Afeganistão, Merkel pediu aos países da Otan respeito ao calendário de retirada das tropas internacionais no país, a ser concluída até o final de 2014.
"O princípio válido para o governo alemão é: entramos juntos (no Afeganistão) e vamos sair juntos", disse Merkel.
Hollande prometeu em sua campanha retirar as tropas francesas do Afeganistão em 2012, dois anos antes do prazo fixado pela Otan.
Alemanha e França são as principais potências da zona do euro.
O ex-primeiro-ministro socialista francês, Michel Rocard, reconheceu nesta quinta-feira que teme um embate entre Hollande e Merkel. "Temo que exista um risco de confronto com Merkel", disse Rocard, que enfatizou que "a questão do crescimento" já foi colocada na mesa.
É "difícil renegociar um tratado que acaba de ser negociado. Mas ele está incompleto", disse Michel Rocard, que não acredita em portas fechadas para um novo acordo. "Deveríamos ser capazes de alcançar um bom resultado, isto será decidido nos próximos dez dias", acrescentou.
A rigidez de Merkel é explicada principalmente, segundo diplomatas europeus que pediram para não ser identificados, por razões políticas internas. No domingo haverá eleições na região da Renânia do Norte, o estado regional mais populoso do país.
"É necessário que (Merkel) seja enérgica antes das eleições na Renânia", afirmou um dos diplomatas consultados.
A oposição nacional social-democrata poderá manter a supremacia nesta região industrial, reduto tradicional da esquerda, em coligação com um ou dois partidos políticos, segundo as pesquisas.
Neste contexto, a oposição dispõe de um meio para pressionar, já que o governo precisa de maioria de dois terços nas duas casas do Parlamento para votar a ratificação do acordo orçamentário.
Assim, os social-democratas se distanciaram da política de Merkel e endureceram o tom desde a vitória de Hollande na França
As dificuldades na Grécia, onde os partidos favoráveis à austeridade sofreram um baque nas eleições legislativas de domingo, também aumentam a pressão sobre Merkel.
"Tudo está escapando de uma só vez. Ela sente que as coisas estão fugindo de suas mãos, e, como perde este controle, tem a tendência de endurecer", apontou um diplomata em Berlim.
Berlim - A chefe do Governo alemão, Angela Merkel , pediu que seus aliados respeitem os compromissos de austeridade fiscal e os prazos de retirada do Afeganistão, poucos dias antes de sua reunião com o presidente eleito da França, François Hollande, que sugeriu alterações nestas agendas.
Sem mencionar Hollande, Merkel, defensora dos ajustes como forma de superar a crise na zona do euro, voltou a ser inflexível quanto à perspectiva de recuperação econômica na Europa com base em gastos públicos, em um discurso aos legisladores alemães.
"Um crescimento baseado no crédito nos levará de volta para o início da crise. Não queremos isso, não faremos isso", declarou a chanceler, calorosamente aplaudida pelo Bundestag, onde apresentou a posição da Alemanha para a reunião do G8, dias 18 e 19 de maio, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), dias 20 e 21 de março, ambas nos Estados Unidos.
Hollande, que na próxima terça-feira assumirá a função de presidente da França, viajará para a Alemanha no mesmo dia. Durante sua campanha eleitoral, declarou seu interesse em renegociar o Pacto Europeu sobre a disciplina orçamentária e em adicionar a ele medidas voltadas para o crescimento da economia.
A Alemanha já rejeitou a possibilidade de uma renegociação.
Para Merkel, que durante a campanha apoiou o atual presidente, Nicolas Sarkozy, é essencial que cada parte aceite a ideia de que "a saída da crise será um processo longo" e que, para isso, é necessário atacar os problemas estruturais de alguns países, o "endividamento catastrófico" e a "falta de competitividade".
Quanto ao Afeganistão, Merkel pediu aos países da Otan respeito ao calendário de retirada das tropas internacionais no país, a ser concluída até o final de 2014.
"O princípio válido para o governo alemão é: entramos juntos (no Afeganistão) e vamos sair juntos", disse Merkel.
Hollande prometeu em sua campanha retirar as tropas francesas do Afeganistão em 2012, dois anos antes do prazo fixado pela Otan.
Alemanha e França são as principais potências da zona do euro.
O ex-primeiro-ministro socialista francês, Michel Rocard, reconheceu nesta quinta-feira que teme um embate entre Hollande e Merkel. "Temo que exista um risco de confronto com Merkel", disse Rocard, que enfatizou que "a questão do crescimento" já foi colocada na mesa.
É "difícil renegociar um tratado que acaba de ser negociado. Mas ele está incompleto", disse Michel Rocard, que não acredita em portas fechadas para um novo acordo. "Deveríamos ser capazes de alcançar um bom resultado, isto será decidido nos próximos dez dias", acrescentou.
A rigidez de Merkel é explicada principalmente, segundo diplomatas europeus que pediram para não ser identificados, por razões políticas internas. No domingo haverá eleições na região da Renânia do Norte, o estado regional mais populoso do país.
"É necessário que (Merkel) seja enérgica antes das eleições na Renânia", afirmou um dos diplomatas consultados.
A oposição nacional social-democrata poderá manter a supremacia nesta região industrial, reduto tradicional da esquerda, em coligação com um ou dois partidos políticos, segundo as pesquisas.
Neste contexto, a oposição dispõe de um meio para pressionar, já que o governo precisa de maioria de dois terços nas duas casas do Parlamento para votar a ratificação do acordo orçamentário.
Assim, os social-democratas se distanciaram da política de Merkel e endureceram o tom desde a vitória de Hollande na França
As dificuldades na Grécia, onde os partidos favoráveis à austeridade sofreram um baque nas eleições legislativas de domingo, também aumentam a pressão sobre Merkel.
"Tudo está escapando de uma só vez. Ela sente que as coisas estão fugindo de suas mãos, e, como perde este controle, tem a tendência de endurecer", apontou um diplomata em Berlim.