Merkel: é improvável que autoridade esteja ativa em janeiro
A chanceler alegou que alcançar certo nível de 'qualidade' no desempenho das funções do novo organismo bancário requer tempo
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2012 às 12h20.
Berlim - A chanceler alemã, Angela Merkel , disse nesta segunda-feira que acha "relativamente improvável" que a autoridade europeia, designada para supervisionar a atuação do setor bancário, possa estar em pleno funcionamento em janeiro.
Em uma coletiva de imprensa, a alemã mostrou que tem as mesmas ressalvas que o ministro de Finanças de seu país, Wolfgang Schäuble, sobre a possibilidade do supervisor bancário, integrado no Banco Central Europeu (BCE), entrar em funcionamento no início de 2013, como defendem vários membros da zona do euro.
Merkel alegou que é "preciso" certo nível de "qualidade" no desempenho das funções do novo organismo comum para facilitar a união bancária e que alcançá-lo requer um tempo.
Segundo a opinião da chanceler, a zona do euro não pode "decepcionar os mercados" propondo medidas e prazos para sair da crise que depois não poderá cumprir, como já aconteceu diversas vezes.
Esse tipo de anúncio, que posteriormente não foi cumprido, "danificou" a credibilidade da Europa, acrescentou Merkel.
Schäuble disse, na reunião informal do grupo do Euro, que não acredita que o BCE possa começar a supervisionar os bancos da zona do euro a partir de 1º de janeiro de 2013, como propõe a Comissão Europeia.
Além disso, a União Europeia indicou que o BCE deve supervisionar os 6 mil bancos da zona do euro, apesar da resistência da Alemanha, que prefere que a vigilância seja feita por entidades maiores.
A criação do órgão supervisor bancário único é um requisito prévio para que o fundo permanente de resgate, o MEE, possa recapitalizar diretamente os bancos, como foi decidido na cúpula europeia de junho.
Essa atitude beneficiaria países como a Espanha, que devem receber a recapitalização direta através da ajuda europeia aos bancos de até 100 bilhões de euros.
Ainda hoje, Angela Merkel defendeu também o plano de compra de bônus soberanos anunciado pelo BCE, porque segundo a chanceler as perturbações nos mercados de dívida estão danificando a política monetária.
A chefe do governo alemão disse que, na atualidade, o mercado da dívida sofre "perturbações sistêmicas", como refletem as diferentes taxas de juros que os países da zona do euro pagam por colocar seus bônus soberanos.
A chanceler argumentou que as taxas de juros de uns e outros "estão ligadas" ao fato de que isso abriu espaço para uma "política monetária perturbada", o que justifica a intervenção do BCE no mercado secundário.
Merkel demonstrou apoio para continuar com os ajustes e as reformas nos países da zona do euro que estão em crise, apesar das medidas afetarem negativamente o crescimento em um primeiro momento.