Economia

Merkel diz que impedir acordo UE-Mercosul não ajuda queimadas na Amazônia

Segundo a chanceler alemã, o acordo possui uma declaração de comércio que "inclui um ambicioso capítulo de sustentabilidade"

Macron e Merkel: a presidente alemã discordou do posicionamento do chefe francês sobre sanções ao acordo UE-Mercosul por queimadas na Amazônia (Thilo Schmuelgen/Reuters)

Macron e Merkel: a presidente alemã discordou do posicionamento do chefe francês sobre sanções ao acordo UE-Mercosul por queimadas na Amazônia (Thilo Schmuelgen/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de agosto de 2019 às 09h56.

Última atualização em 24 de agosto de 2019 às 10h28.

Biarritz — A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, disse neste sábado (24) que compartilha da preocupação do presidente da França, Emmanuel Macron, sobre os incêndios na floresta Amazônia, mas afirmou que impedir um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul não ajudará a reduzir a destruição da floresta.

Na sexta-feira (23), ao chegar para a reunião das sete economias mais fortes do mundo (G7), Macron ameaçou bloquear o acordo comercial recentemente acordado com o Mercosul, que inclui Argentina, Paraguai e Uruguai. A Irlanda juntou-se à ameaça.

Segundo e-mail do governo de Merkel, o acordo do Mercosul possui uma declaração de comércio que "inclui um ambicioso capítulo de sustentabilidade com regras vinculativas sobre proteção, em que ambos os lados se comprometeram a implementar em um acordo sobre o clima", destacou.

"A não-conclusão (do acordo) é, portanto, do nosso ponto de vista, uma resposta não apropriada ao que está acontecendo atualmente no Brasil", concluiu o governo alemão.

Ameaças

Na manhã de sexta-feira (23), o presidente francês Emmanuel Macron afirmou que Bolsonaro “mentiu” sobre seus compromissos com o meio ambiente e anunciou que, sob essas condições, a França se opõe ao controverso tratado de livre comércio UE-Mercosul.

“Dada a atitude do Brasil nas últimas semanas, o presidente da República só pode constatar que o presidente Bolsonaro mentiu para ele na cúpula (do G20) de Osaka”, declarou o palácio do Eliseu, estimando que “o presidente Bolsonaro decidiu não respeitar seus compromissos climáticos nem se comprometer com a biodiversidade”.

Já a Finlândia, que detém a Presidência rotativa da União Europeia, pediu que o bloco avalie a possibilidade de banir a carne bovina do Brasil devido à devastação causada pelas queimadas na Amazônia.

O primeiro-ministro da Irlanda também ameaçou votar contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul se o Brasil não respeitar seus “compromissos ambientais”.

À noite, em TV nacional, o presidente Jair Bolsonaro alfinetou as declarações de Macron, sem citar seu nome.

“Mensagens infundadas dentro e fora do brasil não contribuem para resolver o problema”, declarou. Uma das críticas que tem sido feitas ao mandatário francês é que ele usou uma foto que não é dos atuais incêndios na Amazônia para criticar as queimadas.

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